Taxa de desemprego no trimestre encerrado em abril fica em 8,0%
País tem 8,029 milhões de desempregados, número 18,7% maior do que nos três meses anteriores, segundo o IBGE. Rendimento real cai 0,5% e fica em R$ 1.855
RIO – A taxa de desemprego no país foi de 8% no trimestre encerrado em abril, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, que apresenta dados para todos os estados brasileiros, conforme divulgou nesta quarta-feira o IBGE. Esta taxa se iguala à do primeiro trimestre de 2013, que é a mais alta da série, iniciada em 2012.
A taxa subiu em relação ao mesmo período do ano anterior, quando foi de 7,1%. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, o desemprego também subiu. De novembro a janeiro, a parcela de desempregados na força de trabalho ficou em 6,8%.
No primeiro trimestre, a parcela de desempregados na força de trabalho ficara em 7,9%, superior aos 6,5% do último trimestre do ano passado e os 7,2% do início de 2014.
O rendimento real caiu 0,5% em relação ao trimestre de novembro a janeiro e 0,4% a igual período de 2014. O rendimento ficou em R$ 1.855.
O número de desempregados subiu 14% em relação ao mesmo período do ano anterior e é a maior alta de toda a série. Hoje, no Brasil, são 8,029 milhões. É o maior número desde o primeiro trimestre de 2012. Frente ao trimestre anterior, a alta foi de 18,7%. Em apenas um trimestre, mais de 1,3 milhão de pessoas procurou emprego.
Quase meio milhão de trabalhadores com carteira de trabalho assinada perdeu o emprego entre fevereiro e abril deste ano.Foram 415 mil demitidos. Entre os sem carteira, a queda no emprego foi de 3,5%, com a dispensa de 372 mil trabalhadores.
Por atividade econômica, o setor que mais demitiu foi o da construção: 288 mil frente ao período de novembro a janeiro. Em relação ao mesmo período do ano passado, a queda do emprego no setor atingiu 609 mil pessoas.
Houve alta na população que trabalha por conta própria, ocupações que costumam ser mais precárias, de 141 mil pessoas, frente a novembro e dezembro, e de 1,024 milhão, em relação ao período de fevereiro a abril do ano passado.
GERAÇÃO DE VAGAS CAI 62,2%
O coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, afirmou que a alta na taxa de desemprego no trimestre pode ser em parte explicada pela dispensa de trabalhadores temporários, contratados no início do ano:
– Esse resultado arrasta um componente sazonal, quando temporários são dispensados.
A economia no país criou a menor quantidade de ocupações na comparação anual. De 2013 e 2014, a geração de vagas cresceu 1,9%. De 2014 para 2015, essa geração caiu para menos da metade: 0,7%. Em números absolutos, foi criado um total de 1,665 milhão de vagas de 2013 para 2014. Já entre 2014 e 2015, foram somente 629 mil, queda de 62,2%
– Temos um cenário de perda do emprego e do emprego de qualidade e início de geração de formas de trabalho, como os conta própria, que está remetendo a uma geração de trabalho muito focado na informalidade – afirmou Azeredo.
O mercado de trabalho vem piorando este ano. A Pesquisa Mensal de Emprego, também do IBGE, restrita a seis grandes metrópoles (Rio, São Paulo, Porto Alegre, Salvador, Recife e Belo Horizonte), mostrou alta expressiva do desemprego neste início de ano. Em abril, ficou em 6,4%, alta significativa frente aos 4,9% de um ano atrás. Mais 384 mil trabalhadores ficaram desempregados em um ano, subida de 32,7% frente a 2014, somente nas grandes metrópoles.
Com a economia em recessão, a tendência é que o mercado de trabalho continue a piorar ao longo do ano. Em abril, foram cortadas cem mil vagas com carteira de trabalho assinada.