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23 November 2024

Dólar sobe e se aproxima de R$ 3,30, de olho em ajuste fiscal

Um dia após o governo anunciar a revisão da meta fiscal, o dólar sobe com a sinalização de uma piora nas contas do governo. A divisa avança 2,01%, cotada a R$ 3,291. É a maior cotação em mais de doze anos. No dia 10 de janeiro de 2003, nos primeiros dias do primeiro mandato do governo Lula, a moeda fechou a R$ 3,30, de acordo com dados da CMA. O valor também se iguala ao recorde deste ano, quando chegou a R$ 3,29 no dia 19 de março. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) está em queda de 1,16%, aos 50.326 pontos, com o recuo das ações da Petrobras e de bancos.

Segundo analistas, o mercado está tentando entender os reflexos do ajuste anunciado ontem pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Segundo João Medeiros, gerente de câmbio da corretora Pioneer a possibilidade de o novo ajuste permitir déficit primário já neste ano pode levar as agências de classificação de risco a rebaixarem as notas de crédito do país. O projeto de Lei que prevê a redução da meta fiscal será enviada ao Congresso nos próximos dias.

– Isso está criando uma aversão a risco em um momento muito delicado, de preços em alta e desaceleração econômica. Ou seja, o governo pode fechar o ano com um buraco em suas contas. Não se pode ganhar R$ 1 mil e querer gastar R$ 2mil. O que estamos vendo no mercado hoje é uma resposta ao pronunciamento do governo feito ontem – disse Medeiros.

A incerteza também afeta o dólar turimo, superando a casa de R$ 3,5. Ontem, com a confirmação de que o governo federal iria reduzir a meta de superávit fiscal, que é a economia feita para o pagamento da dívida, a moeda americana subiu 1,63%, a R$ 3,22, na maior cotação desde o dia 30 de março (R$ 3,232).

Shelly Shetty, chefe de ratings soberanos para América Latina da Fitch, disse que o déficit fiscal vai continuar elevado e os encargos da dívida vão subir ainda mais em 2015. Em nota, ela disse que “a nova meta de superávit primário está abaixo do que a Fitch previu em abril deste ano. Além disso, a trajetória futura do superávit primário e do déficit fiscal terão de ser reavaliados.A trajetória de crescimento, o déficit fiscal e dinâmica da dívida vão continuar