Enterrado corpo de vendedora de acarajé atropelada enquanto ia a culto evangélico
Helenilva Lima da Silva, 58 anos, foi atropelada pelo eletricista Paulo Roberto Pinheiro Conceição, 52
Foi enterrado na tarde desta segunda-feira (30), no cemitério Municipal de Plataforma, o corpo da vendedora de acarajé Helenilva Lima da Silva, 58 anos, que morreu atropelada na manhã de ontem na avenida Afrânio Peixoto, conhecida como avenida Suburbana, enquanto ia a um culto evangélico no bairro de Paripe acompanhada do esposo, o motorista aposentado José Nilson da Silva, 55, que também se feriu no acidente.
Durante o enterro – que aconteceu por volta das 15h30 -, vizinhos, amigos e familiares entoaram cânticos evangélicos em homenagem a dona Nilda, como também era chamada pelo mais próximos. Emocionado, um dos filhos da vendedora, Paulo Roberto Lima da Silva, 35, lamentou a morte da mãe, com quem morava, e lembrou do seu aniversário, que seria comemorado na próxima quarta-feira (2
Ela era uma pessoa muito querida. Todos estamos muito abalados com tudo isso. Ela iria fazer aniversário na quarta. Nós já tínhamos comprado tudo para fazer uma comemoração para ela no sábado (5) lá em casa. Minha mãe nunca fez mal a ninguém, sempre ajudou todo mundo, era uma pessoa muito prestativa. Ela está levando um pedaço de mim junto com ela”, disse Paulo.
Também ferido no acidente, o esposo da vítima foi encaminhado ao Hospital do Súburbio, onde recebeu atendimento médico no dia do acidente. No início da tarde de hoje, segundo familiares, José Nilton recebeu alta médica da unidade de saúde para acompanhar o enterro da esposa mas, no caminho até o cemitério, passou mal e foi novamente encaminhado ao Hospital.
A informação, no entanto, não foi confirmada pela assessoria de comunicação do Hospital do Subúrbio. De acordo com a unidade, José Nilton chegou ao local com suspeita de fratura no ombro, que foi confirmada por exames. Ele foi avaliado por uma equipe de ortopedista e neurocirurgião. Seu quadro de saúde é considerado estável e ele encontra-se na enfermaria da unidade. A previsão de alta médica é de 48h.
“Ele nem pode se despedir dela. É muito triste ver 40 anos de casamento acabar dessa forma. É muito triste ver a minha mãe nesse estado”, lamentou Denison Lima da Silva, 33, filho mais novo do casal. Ainda segundo Denison, dona Helenilva já estava de viagem marcada para passar o natal no interior. “Íamos viajar no dia 20 para Monte Santo. Iríamos todos passar o natal lá, já estava tudo programado”, lembrou o Denison.
Indo ao Culto
Helenilva e José Nilton saíram de, em Fazenda Coutos I, às 5h30 para um culto evangélico na Igreja Universal do Reino de Deus, em Paripe, onde congregava. Os dois caminhavam pela calçada quando foram atropelados por um carro Uno (NYL-4727), conduzido pelo eletricista Paulo Roberto Pinheiro Conceição, 52.
Segundo informações da Polícia, Paulo Roberto apresentava sinais de embriaguez no momento do acidente. Ele foi autuado em flagrante e conduzido para a 5ª Delegacia (Periperi/Praia Grande), onde confessou ter ingerido bebida alcoólica até às 3h30 da noite anterior ao crime. Além do casal, uma terceira vítima identificada como Eli Ferreira Santana, que passava pelo local, sofreu ferimentos leves, foi atendida e liberada.
Segundo o titular da 5ª Delegacia (Periperi/Praia Grande), delegado Nilton Borba, Paulo Roberto já foi conduzido ao Complexo Penitenciário da Mata Escura, onde cumpre prisão preventiva. Ainda segundo o delegado, exames de corpo de delito e de alcoolemia foram feitos no acusado no dia do acidente.
“Após prestar o socorro às vitimas, os policiais o conduziram para o DPT (Departamento de Polícia Técnica), onde ele foi submetido a exames que determinarão o teor de álcool no sangue. Depois ele prestou depoimento e confessou que tinha bebido, mas disse que perdeu o controle do carro. Em seguida ele foi conduzido ao Núcleo de Prisão em Fragrante, na Mata Escura, onde um juiz reverteu a prisão em flagrante em prisão preventiva”, explicou o delegado.
Ainda segundo Borba, a previsão é de que o exame de alcoolemia fique pronto até amanhã (1) ou na próxima quarta-feira (2). O condutor do veículo permanecerá preso à disposição da Justiça.
Alta Velocidade
Ainda segundo Borba, há indícios de que, no momento do acidente, Paulo conduzia o veículo em alta velocidade. “Pelos danos aparentes no veículo, há indícios de que ele estava em alta velocidade. Solicitamos uma perícia ao DPT, que analisará a quilometragem em que se encontrava o carro”, explicou Nilton.
Caso seja condenado por homicídio doloso, Paulo poderá cumprir até 20 anos de prisão, de acordo com o delegado. “Isso dependerá do julgamento”, ponderou Borba.
Autuados
Faltando um mês para o fim do ano, a Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) registrou 5.333 autos de infrações com base na Lei Seca. O número é maior que o registrado em todo o ano de 2014, quando 5.039 motoristas foram autuados por dirigir embriagados.
O dado contabilizado neste ano é resultado da intensificação das abordagens a condutores realizadas pela superintendência: foram 34.169 fiscalizações, 1.394 a mais que em todo o ano passado, ano em que foram realizadas 32.775 abordagens. Ainda de acordo com a Transalvador, apenas neste ano foram recolhidas 5.070 carteiras de habilitação, enquanto em todo o ano anterior foram 4.942 motoristas temporariamente suspensos de dirigir.
Quando o condutor de um veículo é detectado com mais de 0,30mg de álcool por litro de sangue, o mesmo é autuado com base na Lei Seca e é conduzido a uma delegacia para responder a um Processo Criminal. Nesses casos, a capital baiana obteve uma redução em relação a 2014: foram 36 penalidades administrativas e crimes de trânsito neste ano contra 72 do ano anterior.
De acordo do com o diretor de transito da Transalvador, Marcelo Correa, nos casos em que o valor de referência ultrapasse os 30mg, a Lei prevê que o motorista seja autuado e levado a uma delegacia.
“Passando esse valor de referência ele é igualmente autuado como nos casos em que o valor é inferior. A diferença é que esse condutor é levado a uma delegacia para registrar um boletim de ocorrência. Lá, dependendo das circunstâncias e conforme prevê a Lei, o delegado decide se o condutor ficará detido ou se pagará fiança”, explicou. Os valores, no entanto, são definidos pelo delegado, “também com base nas circunstância”, completou