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27 September 2024
Verardi comemora o reencontro com Jorge Avancini, diretor de mercado do rival Bahia (Foto: Divulgação)

Novo diretor de marketing do Vitória, Paulo César Verardi fala sobre o desafio no Leão

Com passagens por times como Grêmio, Coritiba e Santos, gestor tem no plano de sócios principal meta

O novo diretor de marketing do Vitória, Paulo César Verardi, promete esquentar a rivalidade da dupla Ba-Vi fora das quatro linhas. O gaúcho de 57 anos conhece de longa data o diretor de mercado do Bahia, Jorge Avancini, e pretende travar com o conterrâneo uma disputa sadia por número de sócios. Verardi já trabalhou em quatro clubes: Coritiba, Atlético-PR, Grêmio e Santos, onde atuou de abril a julho deste ano.

A contratação de Paulo César Verardi foi confirmada ontem pelo presidente do Vitória, Raimundo Viana. “É um gaúcho que vai complementar a nossa equipe. Já temos o Futebol, que é  Anderson Barros, a Base, com Alfredo Montesso, Planejamento e Controle, com Ricardo Nery, e agora  Paulo César Verardi”, afirmou Viana ao jornal Correio. O antecessor foi Ricardo David, que deixou o Leão em outubro.

É o primeiro clube nordestino em que você vai trabalhar. Como encara o desafio?

Estou muito motivado. Na essência, o desafio dos grandes clubes é praticamente o mesmo. O que você tem são peculiaridades de determinadas regiões, da cultura dos próprios clubes. Vou passar por um processo de aprendizado da cultura do clube, da região, e fazer o melhor uso disso. O Vitória é um clube de tanta tradição que eu me motivo com as diferenças e potencialidades que vou descobrir.

Como é sua relação com o diretor de mercado do Bahia, Jorge Avancini?

Conheço ele de longas datas. Na época em que eu fui diretor (de marketing) do Grêmio, ele era do Inter e isso estreitou nosso relacionamento. É um prazer estar indo para o Vitória e reencontrar um grande profissional e amigo como o Avancini.

A boa relação entre vocês vai fazer a rivalidade Ba-Vi diminuir?

Acho que ela tem que ser permanentemente fomentada, uma rivalidade sadia. Essa rivalidade normalmente dá sustentação pro sucesso dos clubes. Quando eles competem entre si, colaboram para o crescimento de ambos. É um instrumento para o marketing e deve ser usado, levando em consideração a rivalidade sadia e cidadã. Essa vai ser trabalhada com certeza.

Em certos aspectos, eventualmente trabalhando em conjunto, você tem ganho pra ambos. Se for conveniente para o Vitória, vai ser feito. Mas tem certas coisas que não vão ser compartilhadas porque não cabem. A rivalidade existe e se mantém, mas em muitas situações, você pode e deve trabalhar em conjunto. É uma questão a ser administrada no dia a dia. Na questão dos sócios, por exemplo, a rivalidade desses dois clubes é importante e eu vou trabalhar 24 horas por dia pra que o Vitória seja vencedor desse item.

Então vai ter competição de quem tem mais sócios?

Quem tem mais sócios, questões quantitativas, questões qualitativas. Nesse item, você vai ver que a rivalidade vai ser tão forte quanto a de dentro de campo. Eu vou contar muito com o engajamento da torcida do Vitória e tenho certeza que teremos um desempenho nessa área, até porque ela é de extrema importância para a competitividade, sustentação econômica e funciona como ponto de apoio para outros projetos que podemos desencadear em cima da plataforma de sócios. E os sócios têm que ter consciência clara dessa importância.

Você vai manter o programa Sou Mais Vitória ou vai lançar um plano novo?

É prematuro te falar. O que eu sei e posso te afiançar é que a associação do torcedor passa a ser prioridade. Vai ser feito o que tiver mais sinergia com o torcedor do Vitória. A base de sócios é um grande instrumento e talvez o mais importante para os clubes que não fazem parte do eixo Rio-São Paulo conseguirem competir com os clubes desse eixo.

Tem um modelo de plano de sócio que considera ideal?

Até pela minha origem, eu tenho uma cultura muito forte de projetos de sócios dos dois grandes clubes do Rio Grande do Sul, Grêmio e Inter, que na minha opinião são interessantes e ajustados, com uma capacidade de elevar a base de sócios de uma maneira muito rápida e consistente. Normalmente o melhor produto é aquele que você resgata das melhores experiências, das melhores práticas e ajusta às particularidades locais. Não dá pra chegar com fórmula pronta. Tenho que entender um pouco mais da torcida do Vitória, do que ela gosta e dar consciência pra ela da importância do plano.

O plano de sócios terá opção de preço popular?

Não adianta ter um valor irrisório em que o sócio não contribua para o clube e que também não gere um mecanismo interessante para o associado. O que eu chamaria de valor mais acessível tem que ser usado pra quem reside fora de Salvador e não vai com muita frequência. Futebol hoje é uma atividade que demanda recursos financeiros e tem que ter grau de receita adequada.

O Vitória está discutindo eleição direta. Esse plano vai contemplar direito a voto?

É muito prematuro te falar em novo plano. Pode ser que se faça um ajuste ou nem precise de ajuste. Essa questão de voto inegavelmente tem alguma importância, isso eu já aprendi, isso gera adesão, mas depende também do estatuto do clube e de aspectos institucionais. Se constatado que isso vai exercer uma importância muito grande, eu vou ter que trabalhar isso internamente, não publicamente. Ainda não tenho como avaliar. E o que o clube decidir, eu vou acatar.

Até quando será seu contrato?

Estamos em fase de assinatura. Ainda não tem um período definido. Estou indo pra Salvador e vamos ver essas questões finais da contratação.

Por Daniela Leone / Gabriel Rodrigues / Correio