Novos quiosques da orla ficam prontos até o Verão
Estruturas a serem instaladas no calçadão da orla serão usadas por bares e restaurantes, em substituição às antigas barracas de praia. De madeira e alvenaria, os quiosques terão espaços de até 100m² e ligações de água e esgoto.
Quiosques com o maior tamanho, de 100m², serão construídos com madeira e alvenaria. Espaços devem abrigar bares, restaurantes e correlatos (Foto: Divulgação)
Eles finalmente estão chegando. Depois de quatro verões sem infraestrutura para atender os frequentadores das praias, a próxima alta estação de Salvador já deve contar com os novos quiosques que vão “substituir” as antigas barracas de praia, demolidas por determinação da Justiça. Serão construídas 120 estruturas ao longo de toda a Orla Atlântica – de Tubarão até Stella Maris – e das ilhas.
Os quiosques terão três tamanhos – 30m², 50m² e 100m² -, com estrutura de madeira e alvenaria. A construção deles depende do tamanho e da necessidade de cada localização, explica o secretário de Desenvolvimento, Turismo e Cultura (Sedes), Guilherme Bellintani.
“Depende da conveniência da prefeitura. Tem lugares que cabem os de 100m², tem lugares que não. A gente acha que não é bom encher os lugares de quiosques também, não quer fazer a ocupação das calçadas”, explica.
Construídos nos calçadões, os quiosques terão ligação de água e esgoto. “Elas (barracas) não podem ficar sobre a areia. Então, eles (empresas licitadas) vão se adequar e substituir as antigas barracas”, diz o secretário, citando a legislação, que proíbe construções em áreas de marinha.
Além disso, as barracas vão ter mesas e cadeiras e vão poder funcionar como restaurantes, já que serão implantados na calçada. “Vão ter cozinha, estarão prontos para ter preparo de alimentos, diferente de um quiosque de coco ou acarajé, por exemplo”, completa.
Administração
As obras devem começar no mês que vem e a previsão é que estejam prontas já no próximo Verão. A etapa seguinte da licitação é a assinatura do contrato e a notificação das empresas escolhidas para o início das obras.
Três empresas baianas foram selecionadas para administrar 6 lotes da orla, com 20 quiosques, cada. A concessão vale por 15 anos. De acordo com a publicação do Diário Oficial, que divulgou os vencedores do processo licitatório, a concessão é para construção, exploração e manutenção dos quiosques.
Metade das estruturas será construída pela Holz Engenharia, que ficou com três lotes, com outorgas (valores que serão investidos para obter a concessão de uso do bem público) de R$ 1 milhão em dois deles e R$ 600 mil no terceiro.
A Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria Ltda ficará responsável por dois lotes, com outorga de R$ 940 mil por cada lote, e o consórcio RPH Engenharia e Habita Lazer Salvador Empreendimentos Ltda fica com um lote de outorga de R$ 610 mil.
Sublocação
Após a construção, as empresas vão poder sublocar os espaços. “São empresas que vão construir os quiosques e, provavelmente, vão sublocar para pessoas que tiveram barracas de caranguejo, comida baiana”, afirma Bellintani. Não era pré-requisito às empresas ter operado quiosque para concorrer à licitação. Assim, quem já trabalha no ramo pode ser beneficiado com as novas estruturas, como no caso de Itapuã, onde as estruturas foram demolidas ontem.
“Na região da obra, não há nenhum obstáculo de ter outros tipos de quiosques. Esse projeto não inclui quiosques de coco, então, se naquele local tinha quiosque de coco, pode voltar a ter. isso varia de acordo com o projeto específico de cada trecho da orla”, detalha o secretário.
No Rio de Janeiro, 309 quiosques são administrados por apenas um consórcio, o Orla Rio, que subloca os espaços. O valor do aluguel varia de R$ 300 a R$ 10 mil. Os pontos são alugados para pequenos comerciantes, como donos de bares e restaurantes.
O menor dos três modelos de quiosques adotados terá 30m² e contará com ligações de água e esgoto (Foto: Divulgação)
Localização
As barracas desse projeto já fazem parte da requalificação de trechos da orla que estão em construção ou que já estão sendo encaminhadas pela prefeitura. Na Barra, que já tem boa parte da obra de requalificação pronta, por exemplo, serão cinco quiosques: dois em frente ao Forte de Santa Maria, dois na parte baixa do Farol e outro onde funcionava um posto de gasolina, desativado após as obras.
Em outros trechos da cidade, os quiosques podem ir além de um suporte para os visitantes das praias. Em Tubarão, por exemplo, os equipamentos serão integrados à praça que está sendo construída. “Ele (quiosque) vai atender tanto os frequentadores das praias, como outros consumidores. Já estão incluídos em todos os projetos que já foram implantados ou que estão em construção”, explica Bellintani.
Além da estrutura para alimentação, todos os quiosques vão ter banheiros públicos – que vão poder ser usados não apenas por clientes dos quiosques. A Sedes não soube informar a quantidade de quiosques por trecho.
Requalificação
Outro trecho da orla já vai entrar em processo de licitação para a concepção do projeto. A Fundação Mário Leal Ferreira já disponibilizou o edital da tomada de preços para a elaboração do projeto de requalificação do trecho Stella Maris/Ipitanga. Quem tiver interesse em participar do processo deve procurar a comissão de licitação, na sede da entidade, nos Barris, entre 9h e 16h30, de segunda a sexta-feira.
Os outros trechos de requalificação seguem em obras. A Barra, que foi uma das primeiras etapas a serem requalificadas, deve ficar pronta em 30 dias, segundo o chefe da Casa Civil, Luiz Carrera. Essa última etapa é realizada na área do Porto da Barra, com a reforma das balaustradas e a implantação do piso intertravado.
De acordo com Carrera, no local estão sendo feitas obras de urbanização, como colocação de bancos, gramados e troca da iluminação. “Além disso, estão previstas a reforma de duas praças no entorno do Porto da Barra”, completa o secretário. O prazo inicial de entrega era junho, mas por conta da Copa do Mundo e a realização da Fan Fifa Fest, a data foi adiada pela prefeitura.
Empresas
Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria Ltda empresa de Vitória da Conquista ficou com dois lotes da orla. Um deles tem outorga de R$ 940 mil e o outro de R$ 990 mil
Holz Engenharia Ltda empresa já realizou obras conhecidas em Salvador e Região Metropolitana, como o Vila Galé Marés e o Gran Hotel Stella Maris e vai construir quiosques em metade dos lotes. Dois deles têm outorga de mais de R$ 1 milhão e o terceiro, R$ 600 mil
Consórcio RPH Engenharia Ltda/Habita e Lazer Salvador Empreedimentos Ltda empresas vão construir e administrar apenas um lote, que tem outorga de R$ 610 mil
Iniciadas demolições de barracas de praia em Itapuã
Os 26 quiosques da orla de Itapuã começaram a ser demolidos na manhã de ontem, sob um tempo instável. A operação da Secretaria de Ordem Pública (Semop), com apoio da Guarda Municipal, teve início às 8h e não enfrentou resistência dos barraqueiros, que ainda retiravam pertences das instalações. A derrubada só começou por volta das 11h, em função do atraso no desligamento das redes elétrica e hidráulica, por parte de equipes da Embasa e da Coelba.
Ao todo, 26 quiosques foram ao chão, ontem, no calçadão do bairro (Fotos: Mauro Akin Nassor)
Na estrutura das barracas, tudo que pudesse ser aproveitado foi retirado pelos barraqueiros antes que o trator de esteira reduzisse as estruturas aos escombros. Peças de metal e alumínio, pedaços de madeira, além dos últimos pertences e utensílios deixados no interior dos quiosques. “Vim tirar meu material para tentar ir para outro lugar. Sou baiana de acarajé aqui há nove anos e agora me vejo sem perspectiva de trabalho, pois todo lugar que a gente chega para trabalhar pedem experiência na carteira”, lamenta Rosângela dos Santos, 38 anos, que se declara “mãe e ‘pai’ de sete filhos” e teme passar por dificuldades com a mudança.
Os tradicionais bares Jangada e Língua de Prata não foram demolidos, mas deverão enfrentar o mesmo processo futuramente, para que a requalificação seja executada no trecho. “Ainda estamos em negociação com a prefeitura. O Língua é um bar com 50 anos de existência. Para sairmos daqui, precisamos de uma área em que possamos trabalhar com música, que é o principal atrativo, e isso não vai ser possível em um quiosque de 15 metros quadrados”, afirma o proprietário da casa, Luís Carlos Quintela Filho.
A secretária, Rosemma Maluf, rebate o argumento de Luís Carlos, sobre a metragem do quiosque e lembra que foi feita uma contraproposta maior ao empresário. “Eu entendo a tradição do Língua de Prata, por todos esses anos, e ofereci a ele um quiosque de 100m², que é a maior dimensão prevista no projeto de requalificação, mas até agora não recebi resposta”, argumenta a secretária.
Sobre a possibilidade da instalação de estruturas provisórias durante o período de obras, Rosemma explica que os comerciantes que exploram as atividades como venda de bebidas e quitutes poderão utilizar essa alternativa. “Uma baiana de acarajé ou um vendedor de água de coco pode utilizar uma estrutura removível para não perder o seu sustento, e todos sabem disso, pois sugeri logo de início”, explica. Segundo ela, não houve resistência, “pois todos ali sabem que é uma reforma que vai melhorar a vida de quem trabalha, frequenta e mora no bairro”.
*Texto de Victor Lahiri.