Jovem é discriminada na academia em Salvador
“Nunca tinha passado por isso, nem esperava passar. Já tinha visto na televisão, mas nunca imaginei que fosse acontecer comigo”, desabafou a designer de moda Juliana Passos dos Santos, 26, ao lembrar que ouviu de uma senhora que ela deveria estar na senzala e não malhando numa academia.
Juliana relatou que foi ofendida, no último dia 25 de novembro, dentro da academia que frequenta há dois anos, na Baixa do Bonfim, Cidade Baixa, logo após informar a outra aluna que não teria como revezar um aparelho de ginástica. Uma audiência do caso ocorre nesta segunda-feira, 3, às 15h.
“Estava fazendo uma série [exercício] que não tinha descanso e, por isso, disse a ela que não poderia revezar. Aí ela começou a gritar, me xingar e dizer que eu nem deveria estar ali, deveria estar na senzala”. Abalada, Juliana disse que, na hora, não teve nem reação e que foi preciso seu instrutor interferir no caso e reafirmar o que ela já havia dito à mulher.
Defesa da cor
Segundo ela, a senhora é acostumada a agir de forma preconceituosa com outras pessoas e que esta não foi a primeira vez que ela tentou lhe intimidar com palavras. “Ela já tinha procurado confusão comigo umas duas vezes. Mas não sabia que o problema era a cor da minha pele”, avaliou Juliana, afirmando que outro aluno deixou de frequentar a unidade depois que foi ofendido pela suspeita.
Certa de que o fato não poderia passar despercebido, Juliana retornou para casa e, em seguida, procurou a 3ª DT (Bonfim) para registrar o Boletim de Ocorrência (BO). “Tinha que fazer isso. Se eu não fizesse, ela não iria parar, ia continuar ofendendo outras pessoas. Tinha que defender a minha cor”, analisou. Apesar de ter sido vítima, a designer disse que preferia não revelar o nome da agressora, pois temia que ela sofresse retaliação nas redes sociais e agressões físicas.