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28 November 2024
Foto: Reprodução

Jaques Wagner diz que impeachment não sobreviverá

Ministro diz que processo nasceu como um instrumento de vingança de Eduardo Cunha

O ministro-chefe da Casa Civil do governo da presidente Dilma (PT), Jaques Wagner (PT), utilizou as redes sociais ontem, primeiro dia útil do novo ano, para tratar de temas como a crise econômica que assola o país e a crise política, que poderá impedir à mandatária brasileira de continuar no comando do Brasil. Um dia antes, o ex-governador da Bahia concedeu uma entrevista ao jornal Folha de S. Paulo e abordou os mesmos temas. Sobre o possível impedimento da presidente petista, Wagner afirmou que o processo na Câmara dos Deputados não irá adiante. “Eu, a presidenta Dilma e todo o governo estamos confiantes de que o processo de impeachment não sobreviverá aos primeiros testes na Câmara”, postou.

Para o ministro, a atual composição da bancada no Parlamento dará votos suficientes para barrar o rito do processo que, para ele, “nasceu como um instrumento de vingança”. “Vamos obter muito mais do que os 171 votos necessários para barrá-lo. (…) Não tem fundamentação jurídica para seguir em frente”, defendeu. Wagner ainda afirmou que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em suspender a instalação da comissão especial formada na Câmara dos Deputados para analisar o processo de impeachment acabou com a “banalização e a tentativa de uso político” da ação do impedimento da continuidade do mandato da líder nacional. “Temos plena consciência de alguns erros que cometemos e das dificuldades que precisamos vencer na economia, mas impopularidade não é crime: é um defeito, um problema que vamos seguir trabalhando para resolver”.

Ao diário paulista, ao comentar sobre a Operação Lava Jato, que desbaratou um esquema de corrupção na Petrobras que beneficiou o Partido dos Trabalhadores e outras legendas aliadas, o ex-governador afirmou que o PT errou em não ter feito a reforma política no primeiro ano do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e culpou, como forma de justificar a roubalheira, o uso de “ferramentas que já eram usadas no exercício da política”. “Talvez, porque nunca foi treinado para isto, deve ter feito como naquela velha história: ‘Quem nunca comeu melado, quando come, se lambuza’. Quem é treinado erra menos, talvez, né?” admitiu.

‘2016 não será ano de retomada do crescimento’

Com o país à beira de registrar dois anos consecutivos de recessão, o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, afirmou que 2016 será um ano de “preparação” para uma possível retomada do crescimento. “Não acho que vamos retomar o crescimento em 2016, mas temos que ter um ambiente mais salutar”, defendeu.  O ex-governador da Bahia afirmou que o governo petista vai tentar resgatar a economia, controlando a inflação e gerando emprego. “O problema da economia não é ter um momento ou dois ruins, é ter horizonte”, argumentou.

Sobre 2015, Wagner admitiu que foi um período “duro” e “difícil”, mas não considera um ano perdido. “Não conseguimos compactar a base de sustentação ao governo no Congresso, a crise da economia mundial repercutiu aqui, assim como repercutiram os ajustes que precisamos fazer no começo do ano por conta das medidas de 2013 e 2014”, justificou, ao admitir que houve exageros no pacote de medidas que teve como objetivo enxugar a máquina pública para garantir recursos para pagar dívidas.

 “O senso comum é que exageramos nas desonerações e na equalização de juros para investimentos. Mas as pessoas só olham para as consequências negativas das medidas. (…) Se você apurar só a notícia ‘não boa’, a inflação realmente está onde está, os juros estão lá em cima, o crescimento foi negativo. A foto de final de ano não é boa”.

Oposição na Bahia reage a declarações de petista

As declarações do ministro Jaques Wagner (PT) não foram bem recebidas por parlamentares baianos que fazem oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT) na Câmara Federal. O deputado Antonio Imbassahy, que assume em fevereiro a liderança do PSDB na Câmara, disse que o ex-governador “debocha” ao afirmar que o Partido dos Trabalhadores se lambuzou. “O PT instalou uma organização criminosa na Petrobras e em outros segmentos governamentais. O PT trouxe de volta a inflação. O PT arruinou a economia nacional, promoveu escândalos planetários e a maior crise política e moral da história do país. O PT mentiu”, rebateu.

Outro tucano baiano que reagiu foi o deputado federal Jutahy Magalhães Jr. Para o parlamentar, o PT transformou a corrupção em um “método de governo” a serviço de um projeto de poder. “O PT se lambuzou, de fato, foi na corrupção. Na escala dos crimes cometidos – lavagem de dinheiro, corrupção ativa, passiva, cooptação de partidos políticos com esquemas corruptos e criminosos comprovados no mensalão e petrolão, entregas de nacos de corrupção a partidários e a aliados –, os crimes cometidos por meio de financiamento de campanha estão em posição inferior, com a pena mais leve pelo Código Penal”, alfinetou.

Sobre o uso de “ferramentas” já existentes para justificar a roubalheira denunciada pela Lava Jato, Jutahy afirmou que o PT tenta “fazer crer” que a política é um “lixo”. “Antes eles se diziam os únicos honestos e agora querem pôr todo mundo dentro do seu lamaçal”, disse Jutahy, ao acusar Wagner de querer municiar a militância petista e “tentar confundir os desinformados e despolitizar a sociedade”.

Outro que criticou o posicionamento do ministro-chefe da Casa Civil foi o presidente do DEM na Bahia, o deputado José Carlos Aleluia. Para o democrata baiano, Wagner “não tem compromisso com a verdade”. “O partido do ministro Jaques Wagner inovou ao introduzir o esquema bilionário de corrupção do petrolão, o maior de toda a história da humanidade. (…) Como podemos admitir que o Brasil continue sendo governado pelo poderoso chefão Lula e sua fiel escudeira Dilma, auxiliados por, pelo menos, meia dúzia de ministros achacadores, envolvidos na Operação Lava Jato?” questionou, ao defender o processo de impeachment contra a presidente Dilma.

Por David Mendes/Tribuna da Bahia