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28 November 2024
Foto: Marcelo Camargo

Mensagens de executivo apontam atuação de Jaques Wagner por empreiteiros

Nos diálogos interceptados pela Lava Jato, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro também cita o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine

Um conjunto de mensagens telefônicas de texto recolhidas pela Lava Jato revela a proximidade do ex-presidente da empreiteira OAS José Adelmário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro, com importantes nomes ligados direta ou indiretamente ao PT e ao governo da presidente Dilma Rousseff: Jaques Wagner, ministro da Casa Civil, Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, e Aldemir Bendine, presidente da Petrobras. Os três não são alvos da operação.

O conteúdo das mensagens mostra que o executivo, condenado a 16 anos de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa no esquema do petrolão, atuou por interesses dos petistas em episódios distintos. No caso de Wagner, há negociação de apoio financeiro ao candidato petista à prefeitura de Salvador em 2012, Nelson Pellegrino, como também pedidos de intermediação do então governador da Bahia com o governo federal a favor de empreiteiros.

Os diálogos foram obtidos pelos investigadores da Lava Jato em Curitiba (PR) e remetidos à Procuradoria-Geral da República (PGR) por haver menção ao nome do ministro – que possui foro privilegiado. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, que teve acesso ao material, as mensagens de texto foram trocadas entre agosto de 2012 e outubro de 2014.

O ministro é identificado como “JW” e os investigadores suspeitam que o apelido “Compositor” também seja uma referência a ele, devido à semelhança com o maestro e compositor alemão Richard Wagner. Já o candidato do PT à prefeitura de Salvador Nelson Pellegrino é citado nas mensagens como “NP” ou “Andarilho”, em alusão a “peregrino”, trocadilho com seu sobrenome.

Procurado, o ministro da Casa Civil não se manifestou sobre o caso. O advogado Edward Carvalho, um dos responsáveis pela defesa de executivos da OAS na Operação Lava Jato, afirmou que não iria comentar as informações. A assessoria de imprensa de Pellegrino não retornou.

Outros nomes – Haddad é citado em uma conversa de Pinheiro com o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em 2013. Pinheiro cita Haddad para pedir a Cunha, então relator do projeto da rolagem da dívida de Estados e de municípios com a União, que aprove a medida.

No caso de Bendine, a Procuradoria-Geral da República vê indícios de que ele tenha participado de suposto esquema ilícito de compra de debêntures (títulos da dívida) da OAS quando comandava o Banco do Brasil, em 2011 e 2014. Pinheiro é conhecido por ter mantido relação de proximidade com o ex-presidente Lula, a quem se referia como “Brahma”.

Por Estadão Conteúdo