Teste único para identificar dengue, zika e chikungunya é anunciado pelo governo
O Ministério da Saúde anunciou neste sábado (16) a descoberta de um teste simultâneo que identifica a dengue, a zika e a chikungunya em casos suspeitos. O kit promete agilizar o diagnóstico realizado na rede de laboratórios, reduz os custos e substitui insumos estrangeiros por um produto nacional.
O anúncio ocorre um dia depois de o País registrar as três primeiras mortes em decorrência do chikungunya desde a identificação do vírus no Brasil, em 2014.
O kit foi desenvolvido pelo IBMP (Instituto de Biologia Molecular do Paraná) e quatro unidades da Fiocruz: o IOC (Instituto Oswaldo Cruz), Fiocruz Paraná (Instituto Carlos Chagas), Fiocruz Pernambuco (Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães) e do Bio-Manguinhos (Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos).
Até o final de 2016, o Ministério da Saúde deve encomendar 500 mil unidades do kit. A novidade foi apresentada à imprensa pelo ministro da Saúde, Marcelo Castro, na Fiocruz, no Rio de Janeiro.
— O teste que a Fiocruz desenvolveu e que vamos lançar no mês de fevereiro é fundamental do ponto de vista de estratégia de saúde pública. É importantíssimo que esta tecnologia seja brasileira. Isto traz uma vantagem extraordinária, porque hoje fazemos três testes separadamente, com produtos importados. Agora faremos os três testes de uma só vez. E, como o teste é nacional, vamos economizar divisas aos cofres públicos.
Hoje, para identificar a presença do vírus zika, é usada uma técnica molecular, com uso da de RT-PCR em Tempo Real, que identifica a presença do material genético do vírus na amostra. São usados reagentes importados e, para descartar a presença dos vírus dengue e chikungunya, é necessário realizar cada exame separadamente.
O novo teste discriminatório para dengue, zika e chikungunya permite realizar a identificação simultânea do material genético dos três vírus.
Além de evitar a necessidade de três testes separados, o kit oferece uma combinação pronta de reagentes, acelerando a análise das amostras e a liberação dos resultados.
O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, comemorou o desenvolvimento do teste e disse ter “satisfação em entregar esta inovação à sociedade”.
— Estamos mobilizados para responder à grave situação do vírus zika e da microcefalia e isto é parte importante dos nossos esforços.
Os testes para as três doenças podem entrar em produção quase imediata, já que a fabricação de reagentes da Fiocruz atende à hemorrede brasileira (formada por 14 hemocentros públicos espalhados pelo País) na confecção dos testes kit Nat, oferecidos em 100% dos bancos públicos brasileiros e que agilizam a identificação dos vírus HIV e da hepatite C no sangue.
A produção e nacionalização dos kits poderão representar uma economia de mais de 50% aos cofres públicos, segundo a Fiocruz, uma vez que atualmente os insumos são obtidos de fornecedores internacionais. A estimativa de custo para realização do diagnóstico é de US$ 20 por teste (cerca de R$ 80).
O teste permite o diagnóstico durante a manifestação dos sintomas clínicos destas infecções. O kit é versátil, podendo ser usado para o diagnóstico laboratorial dos três vírus, para dois ou para cada um separadamente.