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26 November 2024
Foto: Reprodução

Câncer de boca matou 189 na Bahia

A quantidade de óbitos no estado em 2015 revela um quadro alarmante da doença

Ele não é tão comentado quanto outros tipos de câncer como próstata, mama e pulmão, mas, assim como os demais, o câncer de boca (ou da cavidade oral) pode ser tão letal quanto eles. De acordo com dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), a doença levou a óbito 189 pessoas na Bahia em 2015. A maior parte desse grupo é formada por homens (74%) e pessoas acima dos 40 anos (97%).

Para este ano, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que, em todo o país, quase 16 mil novos casos de câncer de boca sejam registrados, sendo pouco mais de 11 mil em homens e cerca de 4.350 em mulheres. Para a região Nordeste, a expectativa é de que 3.070 pessoas venham a ter doença. 63% desse grupo é composto por homens (1.880). De acordo com especialistas, este tipo de câncer é o sexto mais comum no sexo masculino.

Dentre os principais fatores que levam o gênero a estar no topo lista estão relacionados há alguns fatores como o uso do álcool e do tabaco, que podem ajudar no desenvolvimento da doença. Além disso, entram neste rol uma eventual má higiene da boca e uma dieta pobre em vitaminas, proteínas e minerais. Contudo, mesmo sendo menos comum, indivíduos abaixo dos 40 anos também podem vir a ter câncer de boca. Segundo a Sesab, seis pessoas abaixo dessa faixa etária morreram por conta do problema.

“Dentre os agentes carcinogênicos podemos citar os agentes químicos, físicos e microbianos. Os agentes químicos mais comuns são os hidrocarbonetos policíclicos, encontrados no cigarro. Dentre os agentes físicos, podemos citar a exposição à radiação solar e, dentre os agentes microbianos, o papiloma vírus humano (HPV) é muito importante no aumento da incidência de câncer de boca. A exposição à esse vírus não aumenta apenas a probabilidade de câncer de colo de útero, como é mais comumente veiculado, mas aumenta também a incidência de câncer de boca”, explicou a dentista e Doutora em estomatologia pela Universidade de São Paulo (USP), Thais Feitosa.

SINTOMAS

De acordo com a especialista, é muito importante que a pessoa fique atenta a diversos sintomas que possam chamar a atenção para a doença. Dentre eles estão feridas nas mucosas que não cicatrizam espontaneamente entre 2 e 3 semanas, úlceras ou nódulos indolores, de crescimento rápido, mobilidade dentária de surgimento rápido, sangramentos freqüentes nas gengivas, mucosas e saliva, mau odor, redução de mobilidade das partes móveis da boca, dificuldade de fala, mastigação e de engolir os alimentos, aumento irregular e constante de um dos lados da face, dentaduras com problemas de estabilidade, aumento dos gânglios linfáticos sem causa aparente, além de emagrecimento rápido e acentuado.

“Existe também um grupo de lesões, chamadas de lesões potencialmente malignas, que podem preceder as lesões de câncer de boca e aumentar o potencial de surgimento da doença. São, portanto, alterações teciduais onde o processo de malignização ocorre com maior frequência em relação a tecidos normais”, contou. As lesões, ainda de acordo com ela, estão dividas em quatro grupos, e podem ter ações apenas na região da mucosa oral, nos lábios ou ter manifestações em outras partes do corpo.

“Os fatores de risco para as lesões potencialmente malignas são os mesmas para o câncer de boca como o fumo, álcool, exposição a alguns vírus como o HPV, exposição crônica ao sol”, reforçou, Thais. Para prevenção da doença, a especialista alerta que o paciente deve ficar atento a quaisquer alterações na mucosa oral e até um auto-exame pode ser realizado. “Se notar qualquer alteração de cor, aumento de volume, mobilidade dos dentes e das próteses, é importante ir ao dentista regularmente, pelo menos uma vez a cada seis meses”, acrescentou.

Ao perceber qualquer alteração, a recomendação é a de que o paciente vá até o especialista da confiança dele para fazer os devidos exames e conhecer o diagnóstico. “O Interessante é que o profissional seja também um especialista na área de estomatologia, que é o profissional habilitado em prevenir, diagnosticar e tratar as doenças que se manifestam na cavidade bucal e seus anexos. Ele será capaz será capaz de diagnosticar e acompanhar o paciente durante o tratamento oncológico”, pontuou.

Geralmente, o tratamento é realizado por uma equipe médica composta por cirurgião de cabeça e pescoço, radioterapeuta e oncologista clínico. O tratamento de escolha é cirurgia ou a cirurgia em conjunto com a radioterapia. Para prevenir metástase em outros órgãos, Thais Feitosa alerta que pode ser necessária a quimioterapia. De acordo com o INCA, se diagnosticado no início e tratado de maneira adequada, cerca de 80% dos casos de câncer de boca tem cura.

Por Yuri Abreu / Tribuna da Bahia