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24 November 2024
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Financiamento maior para imóveis usados anima setor

O aumento da faixa de financiamento para imóveis usados, anunciado esta semana pela Caixa Econômica Federal, está animando os agentes do mercado imobiliário. Ninguém arrisca números, mas o setor espera um significativo aumento nas vendas para minimizar os feitos da crise iniciada em  2014.

As novas regras devem beneficiar, por tabela, o setor de imóveis novos, uma vez que deve gerar mais liquidez no mercado. Embora não seja encarada como a redenção completa, a medida é vista como uma forma de socorro emergencial.

“No lugar de ver perecer o paciente, aplica-se uma droga que lhe dê sobrevida”, afirma o  corretor de imóveis Marcos Cabral. Ele  acredita que a medida anunciada pela Caixa é uma forma de fomentar o mercado imobiliário, que, segundo suas palavras,  encontra-se estagnado “pela morbidez econômica do país”.

Cabral considera que a medida está longe do ideal, mas que é uma forma de amenizar a constante queda no setor verificada ao longo dos últimos meses. “Pelo menos atende àquela faixa de procura até R$ 400 mil. Uma faixa que  não é pequena, financiando até 70%bbb do valor do imóvel desejado”, afirma o corretor.

Para ele, é uma forma que o governo encontrou de dar fôlego ao setor e ao mesmo tempo manter o alento ao  mercado. “A norma antiga financiava somente 50%”, destaca.  Visão parecida com a do presidente  do Sindicato da Habitação do Estado da Bahia (Secovi-BA), Kelsor Fernandes.  “A Caixa é responsável pela maior parte do crédito imobiliário. Então, naturalmente isso vai causar um impacto positivo no setor”, declara Fernandes.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon), Carlos Henrique Passos, destaca que mesmo sendo pensada para o mercado de imóveis usados, a medida deve influenciar positivamente a construção de novas unidades. “A maioria das pessoas que vendem seus apartamentos usados pretende comprar novas unidades”, afirma Passos, que evita  projeções, mas acredita em uma melhoria  no setor depois da mudança.

Planejamento

O presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros, Reinaldo Domingos, também considera as medidas positivas, mas chama a atenção para a necessidade de planejamento.

“A tendência é que a pessoa queira comprar um imóvel maior, em um bairro maior. Mas é preciso calcular se dá para fazer frente a um novo financiamento e a custos mais altos”, afirma Domingos.

Entre os custos, ele cita os gastos com o novo mobiliário e eventualmente o próprio custo de vida na nova vizinhança. “O comprador tem que levar em conta os preços no supermercado e nos serviços que são oferecidos perto de sua casa”, pondera o consultor.

Outro dado que ele destaca é a desvalorização do imóvel. “Um apartamento novo costuma valer 30% a menos quatro anos depois de comprado”, afirma Domingos.

Ele ressalta, porém,  que  a atual instabilidade política e econômica do país deve ser levada em conta. “Estamos passando por um momento complicado; é preciso ter confiança extra nas finanças pessoais, estar bem estruturado, dinheiro poupado e segurança de que não perderá a renda”, diz o

Medidas anunciadas pela Caixa

Percentual financiado – Pelas novas regras, os imóveis usados podem ser financiados em até 70%  do valor (trabalhadores do setor privado) ou 80% (servidores públicos)

Valor máximo – A Caixa Econômica Federal estabeleceu para a maioria dos estados, inclusive a Bahia, o valor máximo dos imóveis, que é de R$ 650 mil. Em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Distrito Federal, esse valor é de R$ 750 mil

Prazo máximo – O prazo de financiamento estabelecido tem o máximo de 35 anos taxa de juros Variam de 9,5% a 9,9% ao ano. Taxa válida para financiamentos que usam recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). O índice não vale para os financiamentos feitos usando recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) ou pelo programa Minha Casa, Minha Vida

Segundo imóvel – A Caixa Econômica Federal também anunciou esta semana que vai retomar as operações de financiamento do segundo imóvel com as mesmas condições (taxas de juros e prazos) oferecidas para quem está comprando o primeiro imóvel. Essa opção havia sido limitada pelo banco em agosto de 2015