Após gravações, governo busca novo nome para assumir comando da PF
O governo decidiu buscar um novo nome para assumir a diretoria-geral da Polícia Federal em até 30 dias. De acordo com informações publicadas pela Folha, o atual diretor, Leandro Daiello, no cargo desde 2011, perdeu de vez a confiança do Planalto depois do episódio da gravação telefônica, feita pela PF com autorização do juiz Sergio Moro, do Paraná, entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff.
Investigadores da Operação Lava Jato viram no diálogo captado uma tentativa da presidente de evitar a prisão de seu antecessor por Moro. A missão do novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão, é encontrar nas próximas semanas um nome para apresentar a Dilma. O ministro vai indicar o substituto, mas cabe à presidente nomear de fato o comandante da PF.
Ainda segundo o jornal, a tarefa de Aragão é identificar, entre esses delegados, alguém capaz de aceitar a missão em meio ao desgaste político que uma troca do tipo vai causar em um dos momentos mais cruciais da Lava Jato, que tem Lula entre seus investigados. O prazo de um mês com que o ministro trabalha serviria para a pasta encontrar alguém para comandar a polícia e, ao mesmo tempo, daria a Leandro Daiello um período de transição para outro setor da instituição.
Assim como o próprio Lula, setores do PT e do governo têm criticado o comportamento da polícia nas investigações, sobretudo em relação a vazamentos. O governo sabe das críticas que sofrerá se confirmar a mudança de comando na polícia, mas avalia que é fundamental ter alguém de confiança no seu controle, diante do risco cada vez mais elevado de aprovação do impeachment de Dilma pelo Congresso.
De acordo com a reportagem, esse calendário de um mês para encontrar um novo diretor pode ser abreviado pelo Ministério da Justiça no caso de surgimento de um nome viável no curto prazo ou se Daiello pedir para deixar o cargo antes.
A relação entre o diretor-geral da Polícia Federal e o ministro da Justiça é de subordinação, mas com autonomia de atuação por parte do comandante da PF. A Constituição não diz que o ministro tem poder de ingerência na atuação funcional da polícia federal, mas ele determina a previsão orçamentária e diretrizes da polícia.
Entre as tarefas do diretor-geral, segundo o regimento interno, está a “promover a execução das atividades, ações e operações” da PF, ao mesmo tempo em que deve, também, “promover a execução das diretrizes de segurança pública estabelecidas pelo ministro”.