“Tenho 33 anos e nunca fui beijada”: mulher conta tudo em depoimento revelador
Sexo sem compromisso, mandar nudes, viver relacionamentos rápidos marcados por aplicativos no celular. Estamos tão imersas nesta realidade e reproduzimos aos quatro ventos a tese de que “todo mundo só pensa naquilo”, que é realmente raro ouvirmos histórias como a da norte-americana Joi Weaver. Ela publicou um depoimento sincero e poderoso sobre um fato de sua vida: aos 33 anos, ela nunca foi beijada. O texto completo está no The Establishment (em inglês). Nele, a mulher aborda vivências como sua criação familiar, expectativas de ter namorados, virgindade e, principalmente, respeito às diferentes formas de se relacionar com o sexo oposto. Que tal aprendermos com ela sobre isso?
Falta de experiência em relacionamentos
Joi escreveu um longo depoimento sobre como se sente em relação à falta de experiência em relacionamentos. Ela cita que nunca se sentiu atraente para ninguém e que, por conta da liberdade sexual alardeada pelas pessoas, se sente pressionada a esconder a inexperiência no sexo e com relacionamentos amorosos.
Também aborda as “inúmeras conversas” entre mulheres, em que rezava para que o assunto não fosse sexo. “E quando era, eu tentava rir com as outras até o tema mudar e eu poder relaxar de novo, com meu segredo a salvo. Até agora”.
Mais do que contar sobre suas poucas vivências com homens, Joi reforça em seu discurso a importância de incluir pessoas que nunca foram beijadas – ou tiveram relações sexuais – nas discussões sobre amor e sexo.
Leia trechos do depoimento de Joi Weaver abaixo
“Eu tenho 33 anos e nunca fui beijada”
“Às vezes, você tem que enfrentar duras verdades e fatos dolorosos sem rodeios. Eu tenho 33 anos e nunca foi beijada.
O único cara que quis ficar de mãos dadas comigo uma vez estava matando tempo enquanto tentava encontrar alguém suficientemente ‘excitante’ para sair. Eu sei disso, porque foi o que ele disse a minha colega de quarto quando deu em cima dela.”
“O único relacionamento que eu tive foi on-line”
“Até onde eu sei, ninguém que tenha me visto pessoalmente tenha se sentido atraído por mim. Eu não sou o tipo que recebe cantadas. Os únicos relacionamentos que tive foram virtuais.
O único namorado que me conheceu ‘offline’ não fez mais do que me dar um abraço. Eu conheci os potenciais parceiros da Internet, apenas para ver o interesse em seus olhos morrer quando me viam.”
“Eu achei que, talvez, as coisas ficariam melhores na faculdade”
“Quando eu estava crescendo, a conversa foi sempre sobre como dizer ‘não’, como não ser pressionada a fazer sexo, como terminar um relacionamento de forma justa e honesta.
Meus educadores, ministros e líderes de grupos de jovens nunca me disseram o que fazer quando na situação eu não estava sendo pressionada, quando eu não era convidada para encontros.
Quando fiquei adolescente, tremia de emoção ao pensar sobre a minha primeira chance de dizer ‘não’, porque mesmo meu ‘não’ continha a possibilidade de que eu poderia escolher dizer ‘sim’. Mas a questão nunca veio.
Eu pensava que, talvez, as coisas ficariam melhores na faculdade. Certamente, os caras inteligentes, pelo menos, seriam atraídos pelo meu intelecto.
Ao contrário, eu fiz amizade com muitos homens que ainda tenho por perto, mas nunca fui convidada para uma saída ou encontro amoroso. Ninguém nunca tentou me tocar sexualmente em um evento ou no cinema. Nunca houve a sugestão de uma conexão amorosa.
Talvez, se a minha educação não tivesse sido tão conservadora, ou se eu tivesse ido a alguns encontros durante a escola, eu teria tido a coragem de convidar alguém por minha conta, em vez de esperar. Mas isso era impensável para mim.”
“Eu tenho conseguido um pouco de paz em estar solteira”
“Ao longo dos últimos anos, eu tenho conseguido um pouco de paz em estar solteira. Isto toma um pouco de tempo, especialmente desde quando eu percebi que não teria muita ajuda.
Os livros que eu achei sobre ser solteira eram quase exclusivamente no sentido de ‘ser solteira até você se casar, porque com certeza você vai’.
As atividades para solteiros na minha igreja são raras e todos que participam têm uns bons 40 anos a mais que eu.”
“Não vou me atirar em alguém por desespero”
“Não é minha escolha preferida, mas eu não vou me atirar em alguém fora do desespero. Este sentimento de aceitação vem e vai.
Há dias em que me sinto tentado a correr para fora e propor ao primeiro homem que eu encontrar.
Mas a maioria dos dias, eu simplesmente aceito que esta é a minha realidade agora, e a mudança não vai acontecer rapidamente ou facilmente.
Independentemente disso, a frustração permanece. Eu teria gostado que fosse uma escolha real, não uma questão de mera aceitação.”
“Tento lembrar às pessoas que ‘ser virgem’ não é um insulto”
“Eu tentei falar sobre a minha história algumas vezes. Mas me sinto repelida quando as pessoas assumem que certos níveis de história romântica são universais; quando elas fazem observações improvisadas e assumem que, dada a minha idade, eu tive vários relacionamentos íntimos. Eu as corrijo.
Tento lembrá-las que ‘ser virgem’ não é um insulto, e que o sexo não é o que garante sermos adultos.
As raras vezes em que expus essa dor, me disseram que eu simplesmente não percebi homens interessados ou que eu precisava ‘ser eu mesma’, que os admiradores milagrosamente apareceriam”.
“Nós todas somos mulheres”
“Espero que outras pessoas com experiências amorosas mais normativas comecem a entender e encontrar maneiras de incluir mulheres como eu em discussões sobre sexo e amor, sem comentários que abrangem ‘todas as mulheres’.
Todas nós somos mulheres, todas nós temos nossas histórias e todas nós queremos a chance de dizer-lhes com dignidade e verdade.”