‘O sonho virou pesadelo’, diz feirante sobre reforma da feira de são Joaquim
O que deveria trazer conforto, novos investimentos e mais higiene ao tradicional local de compras da cidade, agora é o motivo da perda dos sonhos de centenas de pessoas que trabalham na Feira de São Joaquim.
Desde criança, mais precisamente aos oito anos de idade, o feirante Manuel da Lapa começou a trabalhar na feira. Hoje, com 51 anos de idade, Manuel vive uma das maiores expectativas de sua vida, que é ver o resultado das obras de requalificação da Feira de São Joaquim. “Cresci aqui e é daqui que levo o sustento da minha família. Espero que entreguem essa primeira etapa do projeto de requalificação por que vai ajudar, e muito, nós feirantes”, disse.
As obras de requalificação começaram na gestão do atual chefe de gabinete da presidente da república, Jaques Wagner, quando era governador da Bahia. O projeto inicial dividiu as obras em três etapas, com conclusão prevista para o primeiro semestre de 2014. Para facilitar a execução dos trabalhos, cerca de 500 comerciantes foram deslocados temporariamente para o galpão Água de Meninos e para o Pátio dos Grossistas. Entretanto, as coisas não saíram como o planejado, pois 15 meses depois do prazo de entrega das novas instalações da feira, nada foi devolvido aos comerciantes deslocados. A primeira etapa da obra foi dividida em sete e não há previsão de conclusão.
“O sonho virou pesadelo. Ficamos felizes quando o governador Jaques Wagner disse que essa obra seria uma prioridade de seu governo e até hoje nem a primeira etapa está funcionando”, disse o presidente do Sindicato dos Vendedores Ambulantes e dos Feirantes da cidade do Salvador, Marcílio Santos.
Marcílio não tem esperanças que serão realizadas as duas etapas finais do projeto de requalificação da feira. “Em reunião com o secretário de Turismo, Nelson Pelegrino, foi dito que já gastou apenas nessa primeira etapa R$ 62 milhões. No começo toda obra estava custando R$ 32 milhões. Como nesse período de crise haverá novas obras? ”, indagou.
“Quando viemos para cá (galpão Água de Meninos) era para ficamos apenas oito meses e já temos mais de três aqui. Teve feirante que não aguentou ficar no prejuízo e foi ser ambulante nos ônibus de Salvador. O espaço aqui é apertado, não oferece muito conforto aos clientes e consequentemente as vendas caem muito”, desabafou.
Enquanto a equipe do Click Notícias estava na Feira de São Joaquim, ouvimos anonimamente que os boxes da primeira etapa são insuficientes para acomodar todos os feirantes e, caso alguns sejam prejudicados, haverá manifestação em frente à feira. Outra hipótese seria desativar a loja da Cesta do Povo, localizada na região, para realocar os comerciantes que não forem beneficiados com os novos boxes.
Pedro Moraes / Click Noticias