Ex-integrante do Raça Negra vive nas ruas e culpa vocalista por saída do grupo
Edson Café fala sobre a luta contra as drogas e os desentendimentos com o cantor Luiz Carlos.
Enquanto o Raça Negra continua na estrada, um ex-integrante do grupo vive nas ruas de São Paulo há dez anos. O Câmera Record desta quinta-feira (7) mostrou a história de Edson Café, músico que abandonou a vida de luxo e sucesso por causa das drogas. Ele também falou sobre os desentendimentos com o vocalista do grupo, o cantor Luiz Carlos.
Café ficou 14 anos no Raça Negra e viveu o auge do grupo. Nos anos 90, eles tinham o cachê mais alto entre os artistas e suas canções eram as mais pedidas das rádios.
Ele fez muito sucesso tocando violão e percussão no grupo. Café compôs a canção “Oi Estou Te Amando”, grande sucesso do Raça Negra ao lado de Cigana e Cheias de Mania.
Os problemas começaram quando o músico tinha 38 anos e sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) por causa da rotina estressante de shows. O dano prejudicou os movimentos do seu braço esquerdo, o impedindo de tocar violão.
No início, Café ainda se apresentava com o Raça Negra tocando pandeiro, mas com o tempo passou a não ser mais chamado para os shows. Ele culpa Luiz Carlos, líder da banda, pelo afastamento. “A gente nunca se bicou”, confessa.
Depois do AVC e sem tocar no grupo, Café teve uma crise emocional e se entregou às drogas.
— Eu não abandonei minha família. Eu me autoabandonei.
Numa entrevista em 2013, Luiz Carlos se defendeu e afirmou que, a pedido da família, parou de dar dinheiro para Café, que estaria gastando tudo em drogas. O vocalista passou então a distribuir os valores entre os filhos e ex-mulheres do músico.
Luiz foi o único que seguiu a carreira de sucesso e ainda hoje frequenta os grandes palcos, mas está longe de ser uma unanimidade.
Ex-integrantes do grupo dizem que foram enganados e convencidos a assinar documentos que transferiam o nome do Raça Negra para o vocalista. Durante dois meses o Câmera Record tentou ouvir Luiz Carlos sobre Edson Café, mas ele se nega a falar sobre o assunto.
O homem que já teve um dos cachês mais caros do Brasil, passou a juntar material reciclável para sobreviver e dormir pelas ruas de São Paulo.
Café conta com a ajuda de amigos e fãs para sobreviver. Um deles permite que o músico tome banho em troca do compromisso de ele ficar longe das drogas.
— Antigamente, há um tempo atrás, eu dormia em hotéis cinco estrelas. Hoje em dia, eu durmo na praça olhando para as estrelas. Tem dia que eu almoço e num janto. Tem dia que eu janto e não almoço.
A reportagem acompanhou Café por dois meses. Nesse tempo, depois de muitas reviravoltas, ele decidiu se internar numa clínica de reabilitação.
Lá, reencontrou dois dos sete filhos. Eles viram muitas recaídas e tiveram muitas decepções nos últimos dez anos, mas decidiram visitar e dar uma nova chance para o pai.
Os abraços dos filhos e netos fortaleceu Café e deu ânimo para seguir o tratamento.
Café também reencontrou Fena e Paulinho, colegas dele no Raça Negra. A convite dos amigos, ele voltou a subir num palco depois de quase 20 anos. “Quase desmaiei”, disse ele depois de voltar a sentir o prazer de cantar.
Mas é melhor Café se acostumar! Os ex-companheiros de grupo convidaram o músico para novas parcerias e apresentações. Uma chance de reconquistar a dignidade e voltar a fazer aquilo que ele sempre amou.