Cesta do Povo amarga prejuízo e dificulta privatização
Em meio à indefinição sobre a condução do processo de privatização, a Empresa Baiana de Alimentos (Ebal), que administra as lojas da Cesta do Povo, amargou no ano passado prejuízo de R$ 158,1 milhões. O valor é quase seis vezes maior que o prejuízo registrado em 2014. Os números do desempenho financeiro da Ebal foram revelados em balanço divulgado ontem pela companhia.
A retração no faturamento foi de 19,64%, passando de R$ 647 milhões, em 2014, para R$ 520 milhões, em 2015. De acordo com a administração da empresa, dentre os fatores que influenciaram os resultados negativos estão a “significativa queda nas vendas, a manutenção dos custos operacionais em volume expressivo e o aumento da provisão do passivo trabalhista”, como foi destacado no relatório da administração da Ebal.
Depois de ter adiado o leilão de privatização, que seria realizado em janeiro, a empresa estaria apostando numa reestruturação, visando ao enxugamento para se tornar mais atraente em um novo certame, ainda sem data marcada.
Na época, a estrutura composta de 276 lojas e 2.769 funcionários em 229 municípios, além dos passivos existentes, não teria despertado o interesse de nenhum comprador para o lance mínimo exigido para a venda: R$ 81 milhões.
Em nota pública, a Associação Baiana dos Trabalhadores da Ebal/Cesta do Povo (Abtec) informou que só nos meses de janeiro e fevereiro deste ano cerca de 300 funcionários da empresa foram demitidos na sede administrativa, mas, principalmente, por conta do fechamento de 50 lojas da rede. Novas demissões ainda estariam previstas para este mês.
Os trabalhadores queixam-se ainda da manutenção de cargos comissionados, com maiores salários, na contramão de cortes de funcionários com baixa remuneração e sujeitos à vulnerabilidade social. “Não entendemos porque optou-se em ‘metralhar’ pais de família em um momento tão crítico da economia”, alega a Abtec, na nota.
A reportagem de A TARDE entrou em contato com as assessorias de comunicação da Ebal e SDE para tentar obter informações sobre o processo de desestatização, mas as instituições preferiram não se pronunciar sobre o assunto.
No texto do relatório, entretanto, a administração da Ebal admite o processo de reestruturação: “Reconhecemos que 2016 ainda será um ano de incertezas. Isso exigirá de nós cautela e austeridade, por meio de uma reestruturação da empresa e através de um planejamento criterioso para alcançarmos o desempenho financeiro e a autossustentabilidade desejados”.
A administração frisou ainda que, apesar dos números negativos do balanço, “a Ebal continua posicionada entre as cinco maiores empresas do setor no ranking Norte/Nordeste, ocupando no estado da Bahia a segunda posição no segmento e 39ª em âmbito nacional”.