Madrasta treinou a voz para enganar suspeito de pedofilia que foi espancado
‘Não tivemos apoio da delegacia’, diz madrasta de menina assediada.
A madrasta de uma menina de 11 anos de Mogi das Cruzes, em SP, que ajudou o marido a se passar pela menina e marcar encontro com um suspeito de pedofilia chegou a treinar a voz para enganá-lo e se passar por mais nova. Ela revelou que a família procurou a Delegacia da Mulher da cidade em 28 de março, logo que a menina começou a receber mensagens pornográficas, mas não teve ajuda. A delegada Valene Bezerra nega e diz que o caso já estava sendo investigado.
A polícia diz que não sabia do encontro que a família da menina marcou por conta própria com o suspeito, na rodoviária da cidade. Ao chegar lá, a madrasta gritou “pedófilo” e populares que passavam pelo local espancaram o homem.
A atitude do pai e da madrasta foi criticada pelo delegado Argentino Coqueiro, do 1º Distrito Policial, onde o caso foi registrado. “”Se a polícia estivesse no momento, ele teria sido preso em flagrante. Na verdade, acabou que não tivemos a versão dele porque não tinha nem condições de ele ser ouvido. Esse caso foi encaminhado para a DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) que deve representar o pedido da prisão preventiva dele. Como esse caso envolve uma criança, é de atribuição da DDM”, disse ele ao G1.
As pessoas que espancaram o homem ainda não foram identificadas, mas podem responder por lesão corporal.
Sem ajuda
A madrasta da menina conta que foi à Delegacia da Mulher, mas não teve nenhum retorno. “Esse encontro foi marcado na quinta-feira (14) e, no dia seguinte, nós fomos à Delegacia da Mulher. O investigador do caso não estava lá e uma moça nos disse que seria difícil de a polícia acompanhar pelo horário, que era para adiarmos. A moça me disse também que seria preciso pedir um mandado de prisão e que isso demoraria uma semana, mas a gente não aguentava mais essa situação e não queríamos enrolar ou adiar essa história. Nós fomos orientados que, se pegássemos ele, ele não ficaria impune quando chamássemos a polícia. O fato é que não tivemos o apoio da delegacia”.
A delegada titular nega que a polícia tenha sido avisada do encontro. “Já tinha um boletim de ocorrência na delegacia e tínhamos um pen drive com imagens. Nós já estávamos investigando. A Delegacia da Mulher não tinha conhecimento sobre o encontro. A família correu um risco”, diz Valene Bezerra.
Foram cerca de 20 dias de mensagens. A menina avisou à madrasta logo que recebeu a primeira. O pai estava fora da cidade e orientou que a madrasta continuasse a conversa. Quando ele retornou, ele assumiu a troca de mensagens.
A situação indignava a família e o pai da menina chegou a passar mal durante os diálogos. “Para nós, que cuidamos dela desde pequena, é revoltante ver o que ele estava pedindo. Ela é uma criança ainda. O pai fez o que pode, o máximo que ele conseguia fazer ele fez. Ele chegou a passar mal, deu ânsia e subiu a pressão dele. A gente fica lembrando o que poderia ter acontecido”.
O suspeito pedia fotos e a família disfarçava dizendo que a câmera do celular estava quebrada. Ele pediu para ouvir a voz da garota. A madrasta resolveu treinar para fazer uma voz mais infantil e conseguiu mandar áudios para ele, que não desconfiou. O suspeito mandou fotos de suas partes íntimas para o telefone da criança. Quando ele propôs um encontro, o pai resolveu marcar, para desmascará-lo.
O suspeito está internado no Hospital Luzia de Pinho Melo. Não há detalhes sobre seu estado de saúde.