Edifícios abandonados abrigariam 50 mil
Diferentemente do que pensa a maioria dos soteropolitanos, o abandono de imóveis em Salvador está longe de ser uma exclusividade do Centro Histórico. Quem passa por outros bairros da cidade, como Ondina, Rio Vermelho e Dois de Julho também pode verificar edificações sem utilização.
De acordo com estimativa feita pelo Movimento dos Sem-Teto da Bahia – Democrático e de Luta (MSTB-DL), uma das 13 entidades de luta por moradia no estado, são cerca de 500 os imóveis abandonados na capital, sendo aproximadamente 200 na área antiga.
Os militantes do MSTB-DL, que pretendem aumentar o ritmo de ocupações, por temerem a redução do programa Minha Casa, Minha Vida durante a crise econômica do país, visam agora essas propriedades, algumas localizadas em áreas luxuosas da cidade.
Eles estimam que cerca de 50 mil pessoas seriam atendidas, caso todos esses espaços fossem reocupados. O número corresponde a 25% dos soteropolitanos inscritos no programa de habitação do governo federal, segundo os Sem-Teto.
A capital baiana possui, atualmente, 200 mil pessoas na fila do Minha Casa, Minha Vida. Na Bahia, são até 400 mil, segundo os dados do MSTB-DL, que não são confirmados nem desmentidos pelo Ministério das Cidades, órgão federal responsável pelo programa.
O edifício, de acordo com um funcionário que o vigiava, deve ser demolido em breve. A reportagem não localizou os proprietários para verificar a informação.
Contatada, a prefeitura informou, por meio da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), que o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) enviado à Câmara Municipal prevê a destinação de imóveis abandonados para habitação social, a depender do estado da estrutura e da possibilidade de moradia. Ainda segundo levantamento da FMLF, até 2010, o déficit de moradia em Salvador era de 75 mil residências. (Leia na matéria abaixo).
A ocupação desses espaços, afirmam dirigentes do MSTB-DL, poderia devolver à vida prédios também do antigo Centro de Salvador, tradicional foco de ruínas abandonadas. De acordo com o assessor político do movimento, Franklin Oliveira, o bairro do Comércio concentra o maior número de edificações sem uso.
Esse tipo de caso pode ser verificado, também, na rua Carlos Gomes, próximo ao largo Dois de Julho, onde pelo menos dois edifícios passam por intensa degradação, na rua da Paciência (Rio Vermelho) ou na região da Ponta do Humaitá, na Boa Viagem (Cidade Baixa).
Crítica
“A regularização fundiária tem sido ignorada pelo município”, critica o militante do MSTB-DL, Franklin Oliveira. “O PDDU fala dessa questão de forma muito genérica. Não há uma política de moradia definida”, avalia ele.
De acordo com Oliveira, o movimento aceitaria até mesmo ocupar os edifícios provisoriamente, “até que houvesse uma destinação definida pela prefeitura”.