Demolição de ciclovia vai parar na Justiça
Após o acidente que matou duas pessoas na última quinta-feira, a vereadora Teresa Bergher (PSDB) vai entrar hoje com uma ação na Justiça para garantir a demolição da Ciclovia Tim Maia, na Avenida Niemeyer. O prefeito Eduardo Paes, porém, já disse em entrevista coletiva, no sábado, que não trabalha com a hipótese de botar abaixo a construção, que custou R$ 44,7 milhões e tem 3,9 quilômetros de extensão.
— Depois dessa tragédia, é muita falta de responsabilidade do prefeito querer reconstruir a ciclovia num local que não oferece segurança à população. A prefeitura não pode brincar com a vida das pessoas. Não é possível contar com a calmaria e benevolência do mar. Vou ajuizar uma ação para impedir essa insanidade — afirmou Teresa.
A Prefeitura do Rio não comentou a iniciativa da vereadora. Na coletiva de imprensa, Eduardo Paes garantiu que a ciclovia será recuperada. Especialistas devem elaborar um projeto sobre como fechar a pista em casos de invasão do mar.
— Queremos manter a ciclovia. Vamos fazer os ajustes necessários para isso. Está claro que é necessário um plano de contingência. Em momentos de ondas muito fortes, as pessoas precisam ser alertadas para não circularem pelo local — afirmou o prefeito na ocasião.
Teresa Bergher também pedirá que a Justiça determine a suspensão imediata de todas as obras da prefeitura sob responsabilidade da Concremat/Concrejato, e que novos contratos do grupo com o município sejam proibidos. Levantamento do gabinete da parlamentar aponta que, só no governo de Paes, são 52 vínculos, totalizando R$ 521,7 milhões. Atualmente, seis estão vigentes. O maior, de R$ 72 milhões, é para gerenciamento de obras do Parque Olímpico da Barra.
Em nota divulgada neste domingo (24), o consórcio lamentou o acidente e informou que venceu licitação pública para a construção da ciclovia. Afirma ainda que a fiscalização das obras foi feita pela contratante, no caso, a própria Prefeitura do Rio.
Leia a nota na íntegra:
“O Consórcio Contemat/Concrejato lamenta profundamente o acidente ocorrido na Ciclovia Tim Maia, em 21 de abril, e se solidariza com as famílias das vítimas, para quem tem oferecido apoio neste momento. Reforça que está empenhado na apuração das causas do acidente, juntamente com as autoridades públicas.
Em relação ao que vem sendo veiculado na mídia e em defesa da transparência, o Consórcio esclarece os seguintes pontos:
O Consórcio venceu licitação pública para a construção da ciclovia, em processo acompanhado pelos órgãos de controle. O objeto do contrato foi desenvolver o projeto executivo, a partir do projeto básico fornecido pela contratante, e realizar as obras da ciclovia.
O Consórcio executou integralmente todos os requisitos técnicos previstos no edital de licitação e projeto básico fornecido pela contratante. Vale ressaltar que obras de engenharia desta complexidade são orientadas por um projeto básico, desenvolvido a partir de estudos técnicos de viabilidade.
A fiscalização das obras foi exercida pela contratante, na forma do contrato, não tendo sido apontada qualquer irregularidade na metodologia de execução dos serviços, nem tampouco de segurança.
Em relação aos comentários sobre a qualidade da obra, o Consórcio esclarece que os materiais empregados e a qualidade da construção seguiram todos os padrões técnicos previstos nas normas brasileiras.
Uma investigação interna, com a participação de consultores independentes, está em curso a fim de avaliar se alguma atividade sob a responsabilidade do Consórcio contribuiu para o acidente”.