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18 October 2024
(Foto: Felipe Dana/AP)

Efeitos do vírus zika são mapeados por cientistas

Pela primeira vez, pesquisadores mapearam os efeitos do vírus zika isolado no Brasil em neurosferas humanas, estruturas celulares que reproduzem o cérebro em formação. Foi possível identificar no trabalho mais de 500 genes e proteínas alterados na infecção pelo vírus.

“É uma descoberta importante porque permite que pesquisadores do mundo inteiro entendam com mais profundidade como o zika age e possam encontrar formas de bloqueá-lo. O vírus pode matar a célula de diferentes formas. Mas agora a gente sabe, como num script, o que ele está fazendo”, disse a neurocientista Patrícia Garcês, do Laboratório de Neuroplasticidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto DOr de Pesquisa.

Foi identificado pelos pesquisadores que o vírus age de diferentes formas. Ele paralisa o ciclo celular, impedindo a divisão das células e a origem dos neurônios. A célula é danificada em seu DNA, o que acaba rejeitando o próprio vírus no organismo. Por fim, o vírus leva as células à morte.

“O vírus manipula a célula a favor dele e utiliza toda a maquinaria celular para se autorreplicar. Ao perceber esses problemas, a célula inicia um processo de autodestruição”, disse ela.

Com a presença do vírus, as neuroesferas foram mantidas. Não havia mais nenhuma célula ao fim do 12º dia, pois todas se autodestruíram. “Acreditamos que esse seja o mecanismo que cause a microcefalia porque essas células são as mães dos neurônios. Os bebês com microcefalia quase não têm neurônios”, esclareceu a pesquisadora.

O conhecimento da dinâmica da infecção possibilitará os pesquisadores testarem as drogas para impedir a ação do vírus no organismo. A cloroquina, droga já usada para malária, se mostrou favorável. “A cloroquina consegue bloquear a infecção antes do vírus entrar na célula. Também tem ação antiviral depois que o vírus entrou na célula, pois bloqueia a replicação viral. Por enquanto só temos teste em células, é importante salientar isso. Há artigos científicos, com testes em animais, que a cloroquina se mostrou tóxica. Precisamos ampliar os estudos”, pontuou.

Por Click Notícias / Fonte Estadão Conteúdo