Luta de estudantes pela merenda em São Paulo
13.mai.2016 – Manifestantes fazem protesto, em São Paulo, em solidariedade aos estudantes que foram detidos pela Polícia Militar, nesta sexta-feira (13). Cerca de 50 alunos que ocupavam a Etesp (Escola Técnica Estadual de São Paulo) e três órgãos regionais de ensino (Centro-Oeste, Norte 1 e uma em Guarulhos) foram levados para delegacias durante ação da PM para desocupar os prédios
Os 17 estudantes que ocupavam a Etesp (Escola Técnica Estadual de São Paulo) – e que, na manhã desta sexta-feira (13), foram retirados pela Polícia Militar, já foram liberados pela Polícia Civil. A informação é da Folha de S. Paulo.
Dois eram maiores e tiveram que pagar fiança de meio salário mínimo (R$ 440) – cada um – e devem responder ao processo em liberdade. Eles foram acusados de depredação de patrimônio público.
Os menores de idade saíram depois que os pais foram à delegacia (3º Distrito Policial, na região central) para acompanhar os depoimentos e assinar um termo de responsabilidade. Os jovens terão que se apresentar com os pais à Vara Especial da Infância e Juventude, no Brás (região central).
Os dois estudantes maiores são Marcos Menegari e Mateus Alexandre, ambos de 18 anos. Eles deixaram a delegacia por volta das 14h. “Sem qualquer diálogo nos tiraram de lá. Mandaram um colocar o braço em cima do outro em fila indiana e fomos colocados em um ônibus, que nos trouxe para a delegacia”, disse Menegari em entrevista à Folha.
Ele diz que é um “absurdo ter de pagar fiança sem ter quebrado nada”. “O prédio que a gente estava ocupando já é sucateado. É muito difícil falar o que estava quebrado ou não. Mantivemos tudo intacto. Mas eles podem alegar que a gente quebrou coisas que já estavam quebradas”, disse.
A Polícia Militar fez nesta sexta quatro reintegrações de posse de imóveis públicos ocupados por estudantes sem recorrer à Justiça. Dessas, três são diretorias de ensino e uma Etec (escola técnica do Estado). A polícia afirmou que duas pessoas foram presas por furto durante a operação. Além da Etec Prof. Basilides de Godoy (Vila Leopoldina), a Prof. Horácio Augusto da Silveira, na Vila Guilherme (zona norte) também foi desocupada na noite desta quinta (12) após reunião de pais, alunos e representantes da escola.
A retirada dos alunos foi feita com base num parecer da PGE (Procuradoria Geral do Estado) que deu embasamento jurídico para a ação.
O parecer da PGE argumenta que, se um responsável direto por um prédio público ou o governo do Estado quiserem retirar manifestantes indesejados de dentro dos locais, eles podem pedir a desocupação diretamente à Secretaria de Segurança Pública do Estado.
RELATOS DE AGRESSÕES
Pelo menos dois estudantes que foram levados para o 23º DP (Distrito Policial) relatam ter sofrido agressão durante a ação da PM (Polícia Militar) de São Paulo na manhã desta sexta (13).
Eles estavam entre os 35 estudantes (16 menores de idade entre eles) retirados da Diretoria de Ensino Região Centro-Oeste, que fica em Perdizes.
A reportagem do UOL ouviu reclamações de alguns estudantes que foram levados para a delegacia. Dois deles detalharam o ocorrido.
A estudante Mariah Alessandra, 18, mostrou marcas roxas nos braços– segundo ela, resultantes da ação da PM na desocupação. Os policiais, conta, arrastaram os estudantes, puxando-os pelos braços e pernas para tirá-los do prédio.
“Teve agressão física, mas o pior foi a tortura psicológica”, afirma. “Chegamos no 91º DP e falaram para descer só as meninas. Falaram: ‘chegou o bonde dos estupradores’.”
Do 91º DP, os manifestantes foram levados para o 23º DP– a informação foi confirmada pela reportagem, por telefone, com o primeiro local de parada.
“O tempo inteiro [eles] ficavam rodando com a gente [dentro do ônibus] e sem falarem para onde iam. Um deles entrou no ônibus com um fuzil”, diz Alessandra. (Leia mais sobre os relatos de agressão)