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29 September 2024
Foto: Reprodução

Cerveró denuncia campanha de Jaques Wagner com recursos da Petrobras

O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró afirmou em delação premiada que a campanha de governador da Bahia em 2006 do ex-ministro Jaques Wagner (PT) recebeu recursos da comercialização de petróleos e derivados no mercado internacional por intermédio do ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli.

“Em 2006 Jacques Wagner era o azarão, o terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto para o governo da Bahia. O apoio financeiro dado por Gabrielli foi o que permitiu Jacques Wagner vencer a eleição, contra os prognósticos iniciais”, afirmou Cerveró, em seu termo de colaboração 31, fechado com a Procuradoria Geral da República e tornado público nesta quinta-feira, 2, por ordem do ministro Teori Zavascki – relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

Cerveró não apresenta provas em sua delação desses supostos repasses feitos para a campanha de Jaques Wagner, por ação de Gabrielli – que também é da Bahia. Mas deu pistas sobre o suposto caminho do dinheiro. “Esse apoio financeiro se deu por recursos obtidos através do trading internacional da Petrobras, que era controlado pela área de Abastecimento”, afirmou, apontando para a diretoria então sob presidência do engenheiro Paulo Roberto Costa.

Cerveró explicou que os volumes comercializados pela área de venda de combustíveis e derivados no mercado internacional “são gigantescos” e qualquer “alteração de centavos no preço de comercialização de um barril” resulta em grandes diferenças de valor na aquisição final. “Aí reside uma grande margem para propinas, por se tratar de um grande volume de recursos e de difícil controle”, afirmou o ex-diretor de Internacional da estatal. “Grande parte desses recursos foi usada na campanha de Jacques Wagner em 2006”, afirmou.

Cerveró apontou, ainda, como fonte de recursos suspeitos na campanha de Wagner, em 2006, a construção do prédio da Petrobras em Salvador para servir de sede do setor financeiro da estatal. “(O negócio) também gerou aportes para a campanha de Jacques Wagner”, diz o delator, que atribuiu a decisão de levar o setor para a Bahia e de construir o prédio ao ex-presidente da estatal. “Não havia nenhuma necessidade de mudança da área financeira da Petrobras para Salvador”, disse.

 Defesas

O ex-ministro Jaques Wagner não foi localizado para comentar o caso. José Sérgio Gabrielli, defendeu-se em nota: “O delator Nestor Cerveró faz um conjunto de aleivosias e insinuações, sem nenhum fato concreto que indique qualquer comportamento ilegal e inadequado de minha parte”, disse.