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27 November 2024

Cantor relata ter sido agredido onde rapaz foi espancado ao sair de boate

Um cantor relatou ter sido agredido no mesmo dia e na mesma rua onde o rapaz Leonardo Moura, de 30 anos, foi espancado antes de morrer no bairro do Rio Vermelho, em Salvador. Marte Ventura, vocalista da banda de rock “Urbano Elétrico – Legião Urbana Cover” afirmou que saiu de uma casa de shows na região, na madrugada de sábado (9), quando foi abordado por dois homens que o agrediram com socos e chutes no rosto. O cantor fez um post em sua página na rede social Facebook para denunciar o ocorrido e conversou com o G1, na noite desta segunda-feira, sobre o caso.

“Eu tinha saído de uma casa de shows e avistei um rapaz que parecia estar passando mal na rua. Ele se jogava no chão e eu fui tentar ajudar junto com outras pessoas. Depois, passaram dois rapazes e fizeram provocações, mas eu não respondi nada. Eles continuaram provocando e, na terceira vez que falaram eu respondi. Nem me lembro mais o que eles estavam dizendo. Eu só disse que parassem de ofender. Foi então que eles começaram a me agredir e me deram socos e chutes no rosto”, contou o cantor.

Marte contou que as agressões ocorreram por volta das 4h da madrugada de sábado, horas antes de Leonardo também ter sido espancado no local. Ainda segundo o vocalista, a casa de shows de onde saiu antes de ser agredido fica próximo da boate gay onde o rapaz que morreu estava.

Não há informações se os suspeitos de cometer as agressões contra o cantor são os mesmos que espacaram Leonardo. Marte disse que registrou um boletim de ocorrência na 7ª Delegacia do bairro do Rio Vermelho, no domingo (10). O G1 não conseguiu contato com a unidade policial na noite desta segunda.

“Eu não me lembro de muita coisa. Só sei que foi muito sangue. Um dos agressores era negro, com cabelo black, e o outro era branco e usava um cabelo curto. Os dois eram baixos e pareciam ser maiores de idade. Um deles ainda pegou meu celular que caiu no chão. Não sei se isso foi motivado por homofobia, porque não me lembro de ter dado a entender nada sobre mim. Parecia ter sido alguma armação”, destacou.

estava internado na unidade de saúde desde o sábado (9), quando ocorreu o crime.

De acordo com amigos e parentes, Leonardo ficou bastante machucado por conta das agressões. “Ele tinha hematomas nos olhos, no rosto, arranhões pelo corpo todo, as mãos [feridas], provavelmente tentando se defender”, relatou uma amiga do rapaz, Paula Carreiro.

Segundo a polícia, Leonardo foi achado desacordado na praia do Rio Vermelho, com muitos ferimentos e levado por uma ambulância do Samu até o HGE. Tiago Soares, amigo que estava com Leonardo na boate, disse que não percebeu nenhum desentendimento que pudesse ter provocado a agressão. “Lá estava tranquilo. A gente se despediu, ele me deixou na parada de ônibus para que eu pegasse meu destino, que é o destino oposto para o que ele ia, e fui surpreendido com essa notícia da irmã dele, no dia seguinte”, disse.

Leonardo sofreu uma grave lesão nos rins e passou por uma cirurgia. Ele deu duas entradas no HGE durante o sábado. Na primeira delas, detalha a prima, o paciente teria se desentendido com uma médica e saiu do HGE por conta própria, após assinar um termo de responsabilidade.

No entanto, na tarde do mesmo dia, devido às fortes dores abdominais e ocorrência de vômito, Leonardo retornou ao HGE acompanhado de familiares, foi internado e submetido a uma cirurgia. Após o procedimento, a prima diz que ele chegou a apresentar uma melhora, mas o quadro mudou e ele veio a óbito nesta segunda-feira.

O caso é investigado pela delegada Mariana Ouais, titular da 1ª Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico), que pertence ao Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). “Vamos correr atrás de todas as imagens. Eu sei que tem imagens de câmeras pelo Rio Vermelho, a boate também tem que fornecer as imagens da boate para informar como ele saiu de lá, com quem ele saiu, se ele saiu com alguém, se teve alguma coisa, porque queremos justiça”, disse Laila Moura, irmã de Leonardo.

Conforme a polícia, o celular de Leonardo não foi localizado e nenhuma linha de investigação foi descartada. Nenhum suspeito de agredir o rapaz foi preso.

Local onde vítima teria sido encontrada ferida, na orla do Rio Vermelho (Foto: Henrique Mendes / G1)Região onde vítima teria sido encontrada ferida, na orla do Rio Vermelho (Foto: Henrique Mendes / G1)