Igreja evangélica se instala em condomínio popular mesmo sendo proibido por lei
O Edifício A, do Residencial Caminho do Mar, um conjunto habitacional do programa federal Minha Casa, Minha Vida (MCMV), foi ocupada por uma filial da Igreja Batista Missionária Unidade da Fé. Com isso, os vizinhos se sentem incomodados pelo barulho e a movimentação que acontece no local. A dona de casa Jaqueline, 32 anos, ficou abismada quando os novos vizinhos chegaram ao prédio onde mora, em Barra do Pojuca.
“É um inferno, uma barulheira. Tem dias que isso aí parece uma casa de veraneio, cheio de gente com mala, passam o final de semana todo aí”, diz a mulher que não quis informar o sobrenome. Ela não é a única incomodada no condomínio que fica na Estrada da Cetrel, em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador.
Além de incomodar a vizinhança, o funcionamento de uma igreja dentro de apartamentos é proibido. De acordo com o Ministério das Cidades, que administra o programa MCMV, “é proibida a destinação exclusiva do imóvel para uso distinto de moradia por parte da família selecionada”.
Ainda segundo o Ministério das Cidades, a ocupação mista, residencial e comercial, das unidades é permitida. “Desde que mantidas as condições de habitação, não há impedimento ao uso misto do imóvel para melhoria da renda familiar dos beneficiários”, diz em nota. Mas este não é o caso das igrejas no Caminho do Mar.
‘Não sabia’
O bispo responsável pela Igreja Batista Missionária Unidade da Fé, Amadeu do Rosário, mantém a matriz numa casa modesta, sem placa na frente, na Rua Luis Hage, uma via sem calçamento em São Tomé de Paripe, em Salvador. A igreja possui cadastro ativo na Receita Federal desde 1998. Com informações do Jornal Correio, o bispo Amadeu disse não saber que é proibido igrejas em unidades do MCMV.
“Aquela casa é de uma irmã nossa que tá morando um tempo em Camaçari e a gente tá sempre fazendo culto lá. Não recebemos queixa e eu também não sabia que não podia. Vou conversar com o pastor que prega lá e vamos tomar uma providência”, disse o bispo. De acordo com o Amadeu, a igreja funciona no local há apenas seis meses e com cultos nos finais de semana, os vizinhos relataram a presença há mais de um ano e com cultos irregulares. “A gente fazia os cultos numa quadra que tem ali, mas deu problema e a gente começou a fazer de casa em casa, carregando as cadeiras. A irmã precisou ir para Camaçari cuidar de um parente doente e ficou com medo de invadirem a casa, aí deu pra gente fazer as celebrações”.
Com informações Correio da Bahia