Data de Hoje
27 November 2024

Estudo sugere que os olhos revelam a orientação sexual de uma pessoa

Sendo gay, heterossexual ou qualquer outro ponto do espectro, de acordo com um estudo, a atração sexual poderia estar, na verdade, em seus olhos. De acordo com os pesquisadores, a dilatação da pupila é um indicador preciso de orientação sexual pois acontece de maneira inconsciente.

Conforme reportado pela Live Science, o estudo foi o primeiro experimento realizado em larga escala para mostrar que a dilatação da pupila coincide com o que as pessoas sentem. Para sua realização os pesquisadores apresentaram imagens eróticas aos participantes, e a partir da autodeclaração de sexualidade de cada um, processaram os resultados.

Segundo o pesquisador e psicólogo Ritch Savin-Williams, da Universidade de Cornell, nos EUA, “Se um homem diz que é heterossexual, seus olhos se dilatam com imagens das mulheres”, disse ele acrescentando que o oposto ocorre com os homens homossexuais, que têm suas pupilas dilatadas quando olham para seus semelhantes de gênero.

Tal ligação entre o tamanho da pupila e excitação já era estudado desde o século 16, na Itália. As mulheres utilizavam colírios feitos a partir de uma erva tóxica, chamada Belladona, para que suas pupilas se mantivessem dilatadas, o que era considerado causar um olhar mais sedutor.

De acordo com Savin-Williams, a dilatação ocorre em resposta a qualquer estímulo excitante ou interessante, o que incluiu a visão de um ente querido, obras de arte ou até mesmo guloseimas. Essa reação é um sinal de que o sistema nervoso autônomo – que controla as ações involuntárias – está ativado.

Tradicionalmente, a excitação e orientação sexual era estudada por meio de imagens ou filmes eróticos, que eram assistidos por voluntários. Enquanto isso ocorria, os cientistas mediam o fluxo sanguíneo com instrumentos ligados aos órgãos genitais. Nos homens essa medida era feita por meio da circunferência do pênis, enquanto que nas mulheres eram utilizadas sondas para medir as alterações nos vasos sanguíneos das paredes vaginais.

No entanto, esses métodos possuem desvantagens, segundo Savin-Williams. Algumas pessoas poderiam suprimir a excitação genital ou simplesmente não ter respostas em um ambiente laboratorial. E há ainda um problema mais íntimo: “Algumas pessoas não querem ser envolvidas em uma pesquisa que envolva seus genitais”, disse ele.

Para contornar esses problemas, o pesquisador e seu colega Gerulf Rieger, também da Universidade de Cornell, recrutaram 165 homens e 160 mulheres, incluindo homossexuais, heterossexuais e bissexuais. Cada voluntário assistiu sozinho a um vídeo de um minuto de um homem se masturbando, seguido de cenas de paisagens neutras. Os vídeos foram todos mantidos com brilho e resolução iguais para que as diferenças de luz não distorcessem os resultados.

Com uma câmera de rastreamento, o olhar dos participantes era gravado durante todo o processo, a fim de relatar as mudanças de tamanho das pupilas. As pessoas também tiveram de relatar os sentimentos vivenciados durante o vídeo.

Os resultados mostraram que a dilatação da pupila correspondia ao padrão observado nos estudos de excitação genital. Os homens heterossexuais respondiam às imagens de mulheres, homossexuais reagiam aos homens e bissexuais respondiam a ambos os gêneros.

 Nas mulheres, as coisas se mostraram mais complexas. Segundo Savin-Williams, as mulheres gays mostravam maior dilatação da pupila ao verem imagens de mulheres, semelhante ao padrão observado nos homens heterossexuais. Mas, as mulheres heterossexuais apresentavam basicamente a mesma dilatação em resposta a imagens eróticas de ambos os sexos, apesar de relatarem preferência por homens.

Obviamente que isso não significa que todas as mulheres sejam secretamente bissexuais, disse o pesquisador, apenas que a excitação pessoal não corresponde necessariamente à excitação de seu corpo. Os pesquisadores não têm certeza do porque isso acontece. Uma teoria sugerida por eles conta que isso possa ocorrer em razão do fato de que ao longo da história as mulheres sempre correram o risco de serem violentadas pelos homens. Assim, elas teriam evoluído para responder a qualquer estímulo sexual, até mesmo aos mais desagradáveis.

Essa noção sustenta a ideia de que as mulheres poderiam estar menos propensas a apresentar traumas após uma agressão sexual, tornando sua sobrevivência mais provável. Ou seja, elas o fariam por puro instinto de sobrevivência. A pesquisa foi publicada na revista PLOS ONE.