Trocas no Parlamento mantêm base aliada de Michel Temer
Novos deputados e um senador assumem as vagas de parlamentares eleitos em um ano que será dominado por votações de reformas polêmicas. Dança das cadeiras não altera balanço de forças nas Casas
Oito deputados tomaram posse nesta primeira segunda-feira do ano para substituir os novos prefeitos, vices e secretários municipais, que assumiram cargos no domingo. O entra e sai de parlamentares chega aos 20 políticos de acordo com levantamentos das duas Casas e do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) (veja quadro). Apesar disso, pouco deve mudar na composição do Congresso em relação à base do presidente Michel Temer (PMDB). Na oposição, três parlamentares deixam o Legislativo para assumirem postos nas prefeituras, mas outros três assumem vagas em Brasília.
Como a base é numericamente semelhante, a nova composição em nada afeta a relação do Congresso com as reformas pretendidas pelo governo. Uma delas é a reforma na Previdência, que, entre as mudanças, pretende criar uma idade mínima mais elevada para a aposentadoria de homens e mulheres. Os desafios maiores são a impopularidade do projeto e a própria instabilidade causada pelas revelações da Operação Lava-Jato. Ontem, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a defendâ-la. “Se o governo não fizer as reformas, não terá mais condições de refinanciar a dívida”, afirmou. “A reforma vem para, no curto prazo, gerar emprego e baixar taxa de juros e, no médio e longo prazos, para a Previdência, quando a gente for se aposentar, não acontecer como infelizmente houve no Rio de Janeiro, que a Previdência quebrou e não tem dinheiro para pagar as aposentadorias e as pensões.”
Rodrigo Maia aposta que até junho será votada a Reforma da Previdência independentemente de quem for eleito o novo presidente da Câmara. “Tenho certeza de que ele vai ter o compromisso com o Brasil de pautar uma matéria que é urgente”, reiterou. Maia defendeu a retirada das contrapartidas aos estados na renegociação da dívida, apesar do veto de Temer. Segundo ele, há um acerto com o ministro da Fazenda, Henrique Meireles, de que nenhum estado poderá gastar mais que a inflação nos dois anos finais dos mandatos. “Isso já é um grande ganho. O governo vai encaminhar para a Casa um novo projeto para dar uma solução que foi pensada de última hora no Senado.”
Novas e velhas figuras
De acordo com o Diap, apenas 19 deputados e um senador venceram as eleições para prefeito e vice em 2016. O grupo representa 24% dos 83 congressistas que saíram em busca de votos este ano. Além dos eleitos, vários viraram secretários. Só no Rio, Índio da Costa (PSD), Clarissa Garotinho (PR) e Luiz Carlos Ramos (PTN) devem assumir cargos na administração municipal. A dança de cadeiras no Congresso traz de volta a ex-governadora Yeda Crusius (PSDB-RS). Ela assume a vaga de deputada federal após anos de ostracismo. A tucana foi eleita governadora do Rio Grande do Sul em 2006, mas enfrentou uma grave crise político-econômica no estado e não conseguiu passar para o segundo turno em 2010, quando o PT ganhou a disputa. Em 2014, Yeda nem sequer conseguiu um cargo na Câmara. Agora, com a vitória de Nelson Marchezan Júnior (PSDB) para Porto Alegre, a tucana retorna a Brasília depois de mais de 10 anos.