Homossexual e companheiro assassinado em Pirajá pela facção BDM
Fábio de Jesus, 35 anos, foi descrito como brincalhão, querido e muito popular pelo seu jeito simpático de lidar com todos. Entretanto, apenas 12 pessoas compareceram ao seu enterro, ocorrido na tarde desta quinta-feira (26) no Cemitério Municipal de Paripe, Subúrbio de Salvador.
“Muita gente não veio com medo. A lei do silêncio impera”, admitiu, sem se identificar, um familiar da vítima de execução.
Fábio e o namorado, o estudante Josenildo da Silva da Palma, 18, foram baleados várias vezes na Travessa Santos Dumont, no bairro de Campinas de Pirajá.
De acordo com o perito criminal José Lázaro de Sá Barreto, no momento dos disparos as vítimas devem ter corrido do quarto para o banheiro da residência onde viviam – os dois foram encontrados mortos de cueca.
O crime ocorreu por volta das 23h de terça, mas a Polícia Técnica só chegou ao local na manhã de quarta, por volta das 7h. A área é dominada por uma facção criminosa.
“Ele era maravilhoso, muito próximo mesmo. A gente já se desentendeu, mas conversamos e continuamos amigos. Porque a vida é assim”, disse outro parente, sob anonimato, com os olhos cheios de lágrimas.
Uma tia do cozinheiro se desesperou durante a cerimônia de despedida. “Não feche, não! Não feche, não”, disse debruçada sobre o caixão de Fábio. Uma sobrinha lamentava, também aos prantos. “Meu tio, você era tudo pra mim”. A cerimônia de despedida foi conduzida por um pastor evangélico.
O caso está sendo investigado pela 3ª Delegacia de Homicídios, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A Polícia Civil afirmou que os familiares de Fábio e Josenildo devem ser ouvidos na próxima semana.
Fábio e Josenildo haviam se mudado para o local havia pouco mais de três meses e estavam juntos há quase dois anos.
O delegado Líbio Braga Otero esteve na rua durante a retirada dos corpos. Segundo ele, nenhum homicídio acontece naquela área sem a permissão do líder da facção criminosa da área, o Bonde do Maluco (BDM).
“Ainda é precipitado falar, mas aqui não acontece nenhum homicídio sem a permissão de George, que é o líder do BDM [na região]. Então, indiretamente eu atribuo o crime a eles [membros do bando]”, informou.
*Sob supervisão do subeditor João Galdea.