Advogados criminalistas estão na mira de facções
De R$ 3 mil a R$ 10 mil. Esses são alguns dos valores que estariam sendo oferecidos pelas facções Primeiro Comando da Capital (PCC) e Bonde do Maluco (BDM) para quem topar dar cabo da vida de advogados criminalistas.
O alerta foi espalhado por uma mensagem do WhatsAap, que a polícia classificou como “fake news”. Na mensagem, os supostos bandidos dão a entender que a morte da advogada Sílvia da Silva Carvalho, de 56 anos, foi o “primeiro de vários que iriam acontecer no Estado da Bahia”.
O motivo das mortes seria o “hábito de pegar dinheiro dos seus clientes pelos processos e não fazerem nada”. Na mensagem, o nome do advogado aparece ao lado de sua cidade e valor.
O advogado Cleber Nunes Andrade (que atuou na defesa da banda New Hit) aparece na lista como advogado de Salvador – do lado do seu nome, o valor por sua morte: R$ 10 mil.
“Durante a manhã, o pessoal do serviço de inteligência da polícia (Civil) me ligou para avisar sobre a notícia falsa com meu nome. Eu estou tranquilo. Quando você não tem problema com ninguém, não há por que se preocupar. Agora, quem assume compromisso financeiro com o réu e não cumpre, que pede dinheiro garantindo que o caso será resolvido e não consegue resolver, esses devem se preocupar. Eu nunca fiz isso”, afirmou Andrade.
A mulher de um advogado de Feira de Santana, cujo nome consta na lista com o preço de R$ 5 mil, disse estar preocupada. “Vi a notícia pela TV, me assustei e corri para avisar ao meu marido que está viajando. Ele deu de ombros, disse para eu relaxar, que ele é amigo de todo mundo, de polícia a ladrão. Ontem tinha um rapaz aqui na porta da minha casa falando ao celular, mal vestido e olhando para cima, como se estivesse esperando alguém. Eu fico preocupada, o que aconteceu com Sílvia deixou todo mundo surpreso, se fosse eu sairia da área criminal”, desabafou.
Promessa de resposta
O delegado titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Feira de Santana, Fabrício Linard, afirmou que o carro da advogada Sílvia Carvalho já foi periciado e digitais foram recolhidas e enviadas para identificação.
Ele informou também que policiais estiveram no escritório da vítima e recolheram documentos e um computador para serem periciados.
O delegado afirmou que a principal linha de investigação é a de que a morte da advogada foi encomendada por um cliente insatisfeito com o resultado da atuação da advogada em seu processo.
Sobre a mensagem com as ameaças, Linard disse que a notícia deve se tratar de uma ‘fake news’, mas que os nomes que estão nela devem redobrar a atenção em seu dia a dia. “O ataque a um advogado atinge a justiça como um todo. Nós daremos uma resposta no caso da Sílvia, mostrando a força da lei”, prometeu Linard.
OAB pede investigação
A Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Bahia (OAB-BA), informou em nota que pela manhã, quando o presidente Luiz Viana Queiroz tomou conhecimento da mensagem com as ameaças aos profissionais, ele entrou em contato com o secretário de Segurança Pública, Maurício Barbosa, solicitando uma investigação sobre a veracidade da mensagem.
A assessoria de comunicação da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) informou que o Serviço de Inteligência investiga a origem da mensagem, “que deve se tratar de uma fake news”.