Quer deixar o bumbum mais bonito? Conheça as formas seguras de conseguir resultado
Por muito tempo, a estudante Carolina*, 21 anos, viveu incomodada com o formato do próprio bumbum. Já tinha passado por academias, mas não tinha visto algum resultado muito efetivo. Aos 19 anos, prestes a passar por uma cirurgia de redução das mamas e por uma lipoaspiração, recebeu uma sugestão do cirurgião plástico.
“Ele perguntou se eu queria que ele colocasse um pouco da gordura tirada no meu bumbum só pra modelar”, lembra. Antes disso, embora comentasse sobre o desejo de fazer, nunca tinha levado a própria vontade muito a sério. Só que uma tia já tinha feito o procedimento com o médico e aprovado o resultado. Por fim, decidiu fazer. “Gostei muito. Como eu já tinha um pouco de bunda agora é mais difícil de achar short jeans, mas eu gosto”, brinca.
O procedimento pelo qual Carolina passou é um dos métodos reconhecidos e aprovados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) para quem quer reconstruir ou deixar os glúteos mais bonitos. Entre as possibilidades reconhecidas por especialistas, há desde a colocação de próteses e o preenchimento (podendo ser da própria gordura da pessoa ou de ácido hialurônico) até procedimentos estéticos que usam radiofrequência. E, mais do que isso: especialistas garantem que não se trata só de beleza. Ou seja, cuidar do bumbum também tem aspectos funcionais – tanto para mulheres quanto para homens.
O problema é que, nas últimas semanas, as prisões de Denis Furtado, conhecido como Doutor Bumbum, e de uma mulher que se identificava como Paty Bumbum (mas sequer tinha formação em Medicina) trouxeram à tona uma realidade assustadora: a imensa quantidade de pessoas que estão por aí oferecendo tratamentos sem respaldo científico e até mesmo usando substâncias proibidas para fins estéticos no país.
“Hoje, o que existe de mais importante na cirurgia é a segurança. Essa é a palavra-chave. Fazer um procedimento sem segurança também é colocar uma substância em um ambiente inadequado, como uma casa ou em locais ‘não-médicos”, explica o presidente da seccional Bahia da SBCP, o cirurgião plástico José Valber Meneses. O Doutor Bumbum, por exemplo, atendia no próprio apartamento – ele foi preso depois que a bancária Lilian Calixto morreu após passar por um procedimento estético.
Do ponto de vista da cirurgia plástica, há dois caminhos seguros e reconhecidos para quem quer mudar ou recuperar a aparência do bumbum. O primeiro é a própria implantação de próteses de silicone. De acordo com o cirurgião plástico José Valber Meneses, é comum que pacientes que passaram por cirurgia bariátrica e passaram por um quadro de emagrecimento muito acentuado decidam fazer a intervenção.
“E há os preenchimentos diretos, sem corte, que podem ser com gordura da própria paciente ou com o ácido hialurônico. Você faz uma lipoaspiração e injeta essa mesma gordura no glúteo. Como ele (o glúteo) perdeu essa gordura anteriormente, vai ficar mais firme e bonito”, explica o médico.
Essa injeção da própria gordura foi um procedimento tranquilo para a estudante Caroline. Mesmo durante o pós-operatório, quase não sentiu dores. Ao contrário da lipoaspiração, que exigia atenção, drenagens corporais e o uso contínuo de uma faixa de tecido em volta da barriga, não tinha nenhum problema após o preenchimento. “Nos primeiros dias, sentia a área mais quente, mas já fui para a universidade duas semanas depois de duas semanas. Fui para a aula normal. Nem lembro mais como era antes (o bumbum), mas ficou bem mais redondinha”, conta.
O que é permitido
Os pacientes do Doutor Bumbum, no entanto, recebiam procedimentos com outra substância: era PMMA (polimetilmetacrilato), um tipo de acrílico. O problema é que é uma substância que não é absorvida pelo organismo – ou seja, pode passar a vida toda no corpo do paciente. Se essa aplicação não é feita com a técnica e a segurança necessária, o organismo da pessoa pode reagir contra aquilo. Assim, a substância pode endurecer, causar dores e inflamar.
“Essa substância normalmente é indicada para pacientes imunodeprimidos. Pode ser usada na face, em membros, mas com cuidado, com cautela. O governo, inclusive, libera em hospitais públicos para preenchimentos dessas pessoas porque dura muito tempo. Se bem colocada, não vai causar maiores problemas. Qualquer substância que se use sem saber usar pode levar a problemas, até mesmo a gordura. Se você não usa a gordura adequadamente, pode levar a um problema para o paciente. Até mesmo embolia”, diz Meneses.
A cirurgia plástica nos glúteos só pode ser feita por um cirurgião plástico – e é recomendável que, antes de se submeter a uma cirurgia, a pessoa pesquise pelo nome do profissional no site da SBCP. Em 2016, de acordo com o censo da entidade, foram realizadas 14.724 gluteoplastias em todo o país.
Embora seja uma cirurgia considerada comum pelos especialistas, nem chegam perto do total de cirurgias para aumento de mama (a mais comum no país), que teve mais de 288 mil procedimentos em todo o país. Já os preenchimentos podem ser feitos também por dermatologistas.
“A estética avançou demais e a gente tem, como aliada, a ciência. A gente consegue ter uma opção para o paciente que não a cirurgia plástica”, diz a fisioterapeuta especialista em dermatofuncional Mylana Almeida, professora da Unifacs e da Universalis. Estéticos
Há outras possibilidades de tratamentos estéticos para o bumbum que também são reconhecidos por entidades de classe, como o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito). É o caso do tratamento com radiofrequência – um tipo de ‘calor’ que diminui a gordura localizada e trata as celulites.
De acordo com ela, hoje, a radiofrequência é um dos tratamentos mais procurados nas clínicas de estética para modelar o corpo e reduzir a celulite. Os resultados começam a aparecer a partir da sexta sessão. “Outra coisa que aflige muito as mulheres no bumbum são as estrias, que vêm muito na adolescência, com o estirão, ou depois, já na gestação, por aumento de peso ou por efeito hormonal”.
Para as estrias, é possível fazer tratamento com laser para estimular a produção de colágeno. Outra opção é o microagulhamento – uma técnica que também estimula o colágeno. “A estética é um componente mas não é o único e não é milagroso. Tudo isso deve ser aliado a uma boa prática de atividade física e à alimentação adequada. Com profissionais de qualidade, podemos fazer com que você tenha um corpo legal ou envelheça com qualidade, aceitando o corpo de cada um, porque a beleza é muito individual”, reforça.
Ela recomenda que, além de conhecer o profissional, é preciso saber a procedência dos aparelhos – se têm aprovação da Anvisa e do Inmetro.
O exercício de agachamento é um dos indicados pelo professor Bruno Torres, da Academia Hammer da Barra |
Mais saúde
E os especialistas garantem: cuidar do bumbum não é só uma questão estética. Há muitos aspectos de qualidade de vida envolvidos, segundo o professor de Educação Física Glauco Corrêa. Pessoas que têm dores na coluna, por exemplo, podem, em alguns casos, fortalecer a região dos glúteos para amenizar o problema.
“Além disso, tem a relação com a prevenção de dores no joelho e com a marcha (caminhada). Ter o glúteo forte pode facilitar a caminhada, especialmente para idosos. O glúteo é como uma mola que te impulsiona para a frente. Então, uma pessoa que não tem esse nível de força pode prejudicar a caminhada”, explica.
Por isso, ao contrário do que muita gente pensa, se preocupar com o bumbum não deve ter a ver com gênero, nem com idade. O treino ideal é de pelo menos duas a três vezes por semana para prevenir lesões, além da questão estética em si.
“O tratamento no glúteo ajuda a simetria corporal. Indiretamente, você está focando também no quadril, no joelho. Nós fazemos a avaliação postural e, muitas vezes, a pessoa tem uma alteração no glúteo por um desvio de coluna, uma escoliose. Daí, encaminhamos para um pilates, um RPG. Com harmonia corporal, você pode fazer as atividades da vida diária com menores dores”, diz a fisioterapeuta especialista em dermatofuncional Mylana Almeida.
‘Cirurgia plástica não é vilã’
Além de conferir quem é o profissional e quais são os aparelhos que serão utilizados no procedimento estético ou cirúrgico no bumbum, é importante fazer uma reflexão interna. “Uma questão importante é entender qual é a imagem corporal que essa pessoa tem de si. A imagem corporal não é só física, mas mental também”, afirma a psicanalista Shirley Moraes, do Nitidamente Instituto.
Essa reflexão deve vir acompanhada de questionamento: se a mudança é por algo que realmente incomoda a pessoa há muito tempo; se é uma questão fisiológica ou se é porque algum padrão de beleza imposto está levando a pessoa a querer uma cirurgia plástica sem necessidade.
“A cirurgia plástica não é a vilã. Tem muitas pessoas que se sentem bem, que aumentam a autoestima. O problema começa a realmente a aparecer quando você quer tanto mudar para estar num nível que você julgue que é o padrão de excelência de beleza”, diz Shirley.
Por isso, também é importante se preparar para os resultados. “Tem que trabalhar com as expectativas. Às vezes, a cirurgia fica ótima, maravilhosa, mas a pessoa tinha um ideal de beleza que não respeita a sua individualidade”, pontua.
Treinando em casa
A pedido do CORREIO, o professor Bruno Torres, da Academia Hammer (unidade Barra), mostrou uma série de exercícios que ajudam a fortalecer e a modelar os glúteos. Confira