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27 November 2024

‘Reagi por impulso’, diz funcionária da Ufba espancada por assaltante

Bandido fraturou braço da vítima e deu três socos no rosto; leia relato

Deveria ser mais um dia de trabalho como outro qualquer para uma funcionária terceirizada do serviço de limpeza da Universidade Federal da Bahia (Ufba), que pediu para não ser identificada, mas ela acabou com o rosto ferido e uma fratura no braço após reagir a uma tentativa de assalto nesta sexta-feira (31).

O ataque ocorreu no início da manhã, a cerca de 100 metros do seu local de trabalho – a Faculdade de Comunicação (Facom), no campus de Ondina.

tendida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Vale dos Barris, ela deixou o local por volta das 10h30 com o braço esquerdo enfaixado. A servidora também saiu da unidade com o maxilar do lado esquerdo inchado, fruto dos três socos que levou do bandido no rosto. O assaltante fugiu sem levar o aparelho após um vigilante intervir. Ao tentar ajudar, o segurança acabou sendo mordido.

Ainda apavorada, a vítima disse que errou em reagir e que vai ficar 15 dias afastada do trabalho para se recuperar.

Em nota, a Ufba informou que o mesmo ladrão havia assaltado antes uma estudante da universidade na Rua Aristides Novis, na Federação. Na ocasião, levou a bolsa dela e, em seguida, fugiu para o campus de Ondina, onde cometeu os demais ataques.

Na condição de não ter o nome e nem a imagem divulgados, a funcionária concordou em conversar como o CORREIO. Veja abaixo trechos do relato feito pela vítima sobre a ação:

Vítima foi atacada próximo à Biblioteca Central da Ufba, quando seguia para a Facom (Foto: Evandro Veiga/CORREIO)

“Vinha para o trabalho e, a mais ou menos a 100 metros (de distância), ele deu a voz de assalto. Eu neguei. Vi que ele não estava armado, por isso que tive essa ação. Disse: ‘não, não vou te dar’, e ele: ‘bora, bora!’ Ele me xingou, tentou puxar o celular, mas eu abaixei e segurei o celular. Foi nessa hora que ele suspendeu os meus dedos e eu fraturei. Voltou a me ameaçar: ‘vou atirar, estou armado’. Ele me deu os primeiros socos. No terceiro, achei que ia desmaiar e comecei a gritar: ‘ladrão, ladrão!’ Aí o pessoal chegou e mandou ele me soltar. O segurança chegou e também começou a pedir para me soltar e ele dizendo ao segurança também que estava armado. Chegou a agredir o segurança, mas, graças a Deus, só tive a fratura no braço e as pancadas no rosto.”

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“É a primeira vez que isso acontece comigo. Sempre saí e cheguei, e ninguém me disse nada. A gente nunca imagina que isso vai acontecer.”

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“A segurança é boa. Acho que quando é para acontecer, a gente não evita. Com segurança ou com polícia, acontece. Eu prefiro levar pra mim que era para acontecer.”

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“Queria mesmo é estar no meu trabalho, em paz, mas aconteceu, não posso fazer nada. O médico me deu atestado de 15 dias. Ficarei insatisfeita. Queria estar trabalhando.”

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“Errei de ter reagido, confesso. Só reagi na hora do impulso. É por isso que acontecem coisas mais graves. Prometo não reagir a mais nenhum assalto. Fui assaltada muitas vezes e nunca reagi. Nos assaltos que sofri anteriormente, eles (bandidos) sempre estavam armados. E eu sabia que ele não estava armado, por causa da camisa. Tinha avistado ele sentado na cadeira. Ele pegou na barriga para dizer que estava armado. Por isso tive essa reação. Reconheço o erro. O importante é a minha vida.”