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28 September 2024

Moradores de 15 favelas fazem mais de 300 relatos de violência durante operações das forças de segurança

Entraram na minha casa, ligaram o ar-condicionado, comeram os danones dos meus filhos, levaram mil reais e ainda deixaram tudo revirado”. “O café da manhã do trabalhador que sai de madrugada, às vezes, é um tapa na cara”. “Eles entraram na escola e ficaram daqui trocando tiro com bandidos. As crianças ficaram todas deitadas no chão, duas delas se urinaram. Pode olhar as marcas de tiro. A escola tá toda alvejada”. Esses são alguns dos mais de 300 relatos anônimos de moradores de 15 comunidades do Rio de Janeiro coletados pelo Circuito Favelas por Direitos, um projeto coordenado pela Ouvidoria Externa da Defensoria Pública do Estado do Rio (DPRJ), que, desde abril, acompanha de perto os efeitos da Intervenção Federal na Segurança Pública. O monitoramento levou à identificação de 30 tipos de violações de direitos que teriam sido cometidos pelas Forças Armadas e pelas polícias em territórios ocupados ou atingidos pela violência.

– As violações ficam silenciadas, transformando-se em sofrimentos. São relatos que expõem o cotidiano perverso de medo e invisibilidade em que centenas de milhares de pessoas no Rio de Janeiro se encontram submetidas e demonstram que há um padrão no modo com que as comunidades são tratadas pelas forças de segurança — diz o ouvidor-geral da Defensoria, Pedro Strozenberg, que esteve à frente de todas as visitas e coletas de relatos do Circuito Favelas por Direitos.