Megatraficante Abadía conta detalhes de parceria com ‘El Chapo’
Em seu depoimento no julgamento do traficante mexicano Joaquín “El Chapo” Guzmán, nesta quinta-feira (29), o traficante colombiano Juan Carlos Abadía deu detalhes de como conheceu o chefão e como seus cartéis operaram juntos no início dos anos 1990.
Após começar seu testemunho contando que mandou matar mais de 150 pessoas e traficou mais de 400 toneladas de cocaína para os Estados Unidos, Abadía explicou que a parceria com Chapo começou após um encontro em um hotel na Cidade do México, em 1990.
Na época, Guzmán ainda lutava para estabelecer sua quadrilha dentro do México, enquanto o colombiano já era um grande exportador de drogas para o território norte-americano. A parceria entre eles durou quase 18 anos.
Rapidez na entrega
Abadía contou que ficou surpreso com as promessas de eficiência feitas por Chapo para que fechassem negócios. O cartel do Norte do Vale, liderado pelo colombiano, levava a cocaína para o México e o cartel de Sinaloa ficava responsável por fazer a droga atravessar a fronteira.
Segundo o colombiano, Guzmán teria dito a ele: “Eu faço o serviço muito mais rápido. Experimente e você vai ver. Seus aviões, sua cocaína e seus pilotos ainda vão estar muito mais seguros porque tenho bons acordos”.
Uma vez em território dos EUA, os homens de Abadía levavam 60% da droga para vender e, como pagamento, Chapo ficava com 40% do produto. Outros transportadores costumavam ficar com 37% da droga. O colombiano preferiu manter o acordo por causa da agilidade na entrega.
“Eles eram muito rápidos. Me lembro que faziam o serviço em uma semana. Foi a primeira vez que um traficante mexicano entregou a droga tão rapidamente”, relatou o colombiano no tribunal. Segundo ele, o normal era a entrega demorar cerca de um mês.
Acordos de segurança
Ao relatar como eram feitas as entregas no México, Abadía demonstrou como era a influência de Guzmán junto às autoridades mexicanas.
“Quando os aviões chegavam às pistas clandestinas no México, eles eram protegidos por policiais federais. Eles recebiam os aviões e minha cocaína e, mais de uma vez, fizeram eles mesmos o descarregamento, o transporte e a escolta”, afirmou.
Ele contou que as pistas de Chapo, além de bem protegidas, tinham iluminação de primeira linha, asfalto sempre novo, boas instalações para reabastecer as aeronaves e os homens de Sinaloa davam até comida para seus pilotos.
El Chapo é acusado de 17 crimes no julgamento, que ainda deve durar mais alguns meses. Caso seja condenado, ele pode receber até a prisão perpétua.