Ex-policial é preso na Austrália por checar dados de mulheres do Tinder em base da polícia
Um ex-policial australiano foi condenado à seis meses de prisão por usar bancos de dados da polícia para bisbilhotar os registros de dezenas de mulheres com quem ele teve contato por meio de sites de relacionamento como Tinder e PlentyOfFish.
O homem foi identificado como Adrian Trevor Moore, de 48 anos. Ele trabalhou para a Força de Polícia da Austrália Ocidental por 28 anos e chegou a ser indicado para um prêmio de “Policial do Ano” em 2011.
Moore teria usado as bases de dados a partir de 2006 e acessado informações sobre 92 mulheres – algumas delas tiveram seus registros acessados diversas vezes ao longo dos anos.
No total, descobriu-se que ele havia usado as bases de dados para obter informações sobre as mulheres 180 vezes, conforme a reportagem da ABC News. Moore foi preso depois que uma delas decidiu denunciá-lo no início do ano passado.
Imagem: Ex-policial australiano Adrian Trevor Moore/ABC News
De acordo com a Associated Press, o advogado de Moore argumentou no tribunal que o ex-policial se aproveitou do sistema durante 12 anos pelo fato de ter tido problemas em relacionamentos passados e que ele estava apenas procurando por uma parceira sem antecedentes criminais.
O argumento aparentemente não funcionou com o magistrado Geoff Lawrence, que disse que as ações de Moore minaram muito a confiança dos cidadãos.
“Deve haver uma sentença que demonstre o que ocorrerá se os responsáveis pelos dados em nossa era digital simplesmente acessarem informações para seu próprio benefício”, disse Lawrence, conforme a reportagem da ABC News.
Moore admitiu ter usado indevidamente o bancos de dados da polícia 180 vezes. Além da sentença de seis meses de prisão, a WAtoday informou que Moore também será multado em US$ 2.000 por possuir imagens de zoofilia que foram descobertas quando os investigadores revistaram sua residência no ano passado.
Casos como esse, com o uso indevido de bases de dados policiais para descobrir informações sobre mulheres, também têm sido investigados nos Estados Unidos. Em alguns dos casos há acusações de perseguição e chantagem.
Uma investigação realizada em 2016 pela Associated Press descobriu que as autoridades policiais dos EUA acessaram indevidamente bancos de dados para obter informações sobre parceiros, jornalistas e outros indivíduos.
Nesta reportagem, há o relato de Alexis Dekany, que foi perseguida e atacada por seu ex-namorado Eric Paull, ex-policial condenado em 2015. “São coisas pessoais ali. O seu endereço está ali. Todas as suas informações […] tudo sobre você. E quando eles usem isso para cometer crimes – para te perseguir, para te assediar – se torna algo muito perigoso”.