Vale chantageou empresas por laudos, diz Ministério Público
Investigações do Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) indicam que a Vale pode ter manipulado os laudos que atestaram a estabilidade da Barragem de Brumadinho que se rompeu em 25 de janeiro. E-mails obtidos pelo MP mostram trocas de mensagens do engenheiro Maroto Namba indicando que havia chances de a aprovação que a empresa buscava não saírem.
“O Marlísio (outro funcionário) está terminando os estudos de liquefação da Barragem I do Córrego do Feijão, mas tudo indica que não passará, ou seja, fator de segurança para a seção de maior altura será inferir ao mínimo”. Dessa maneira, “a rigor não podemos assinar a Declaração de Condição da Estabilidade da Barragem, que tem como consequência a paralisação imediata de todas as atividades da mina”, diz em uma das mensagens.
Na conversa com Arsênio Negro Júnior (Tüv Süd), em 13 de maio do ano passado, é citado um funcionário da Vale chamado de Felipe. Ele informa que as alterações que foram pedidas pelos técnicos da companhia poderiam levar até três anos para ficarem prontas, mas indica que a Vale já obteve aprovações em casos semelhantes. “Mas como sempre a Vale irá nos jogar contra a parede e perguntar: e se não passar, irão assinar, ou não?”, diz.
De acordo com o MP, a troca de mensagens aponta que houve expressamente a chantagem para que barragem tivesse as aprovações de que necessitava. Oito funcionários da Vale foram presos na sexta-feira, 15, em Belo Horizonte, Itabira e Rio de Janeiro. Para o órgão, houve um crime doloso, ou seja, com a intenção de matar.
Em nota, a empresa disse que “considera as prisões desnecessárias, pois os funcionários já haviam prestado depoimento de forma espontânea e sempre estiveram disponíveis para esclarecimentos às autoridades. A companhia tem apresentado documentos e informações voluntariamente e, como maior interessada na apuração dos fatos, permanecerá contribuindo com as investigações”.