Em Salvador, Péricles fala sobre novo DVD e desejo em aparecer no show “O Encontro”
Uma das maiores referências em pagode, Péricles escolheu Salvador como palco do seu novo DVD, marcado para o dia 6 de julho. Em entrevista ao Portal A TARDE, o cantor contou tudo sobre este e outros projetos, além de revelar como faz para escrever as músicas e comentar sobre os novos artistas de pagode do cenário nacional.
Para completar, Péricles ainda prometeu dar uma palhinha no “O Encontro”, evento que reúne os três atuais grandes nomes do pagode baiano, Xanddy (Harmonia do Samba), Tony Salles (Parangolé) e Léo Santana. “Talvez seja um bom momento para eu invadir o palco desses caras”, declarou. Confira como foi a conversa com o “rei da voz”.
Por que escolheu Salvador para a gravação do DVD?
Primeiro que eu amo esse lugar. Segundo, e não menos importante, essa terra me ama de uma forma, que eu não poderia fazer de outra maneira. Eu tinha que gravar esse DVD aqui. É uma dívida que eu tinha desde a época do Exaltassamba. E hoje, além de pagar essa dívida, estou podendo realizar esse sonho, que eu já deveria ter feito há muito tempo.
Para realizar este sonho, o que você traz de novo nesse trabalho para os anteriores que já gravou?
Tem algumas coisas novas. Primeiro é o tamanho, que em um primeiro momento, eu achei meio assustador, mas a vida é um desafio e a gente tem que encarar. Fizemos um apanhado da minha trajetória até então, relembrando grandes momentos, fazendo algumas homenagens para alguns ídolos que eu tenho, e canto também com meus amigos. Vai ser um show importante por isso.
Qual a expectativa para o dia 6?
Eu só quero que seja maravilhoso, porque o público que me tem com tanto carinho merece. A gente está preparando um repertório baseado no álbum “Em sua direção”. Além disso, temos algumas novidades, com pessoas bem legais que vão participar do evento e cantar comigo, como o show do Belo e do Thie. Essa são as coisas que eu posso adiantar.
Falando em convidados, haverá alguma participação baiana na gravação?
É bem capaz, mas eu ainda não posso falar (risos). Porém não tem como não ter, né? Eu tenho grandes amigos aqui, muitas pessoas cogitando a possibilidade. Acredito que vai ser bem legal, tem uma galera muito boa. Espero que o público goste.
Para o repertório, quais são aquelas músicas clássicas que o público espera e não podem faltar?
“Eu e você sempre” não pode faltar. “Bole, Bole” também não. Muita coisa da trajetória não pode faltar. No nosso novo trabalho tem uma música chamada “Até que durou” que, hoje, eu colocaria dentre os grandes sucessos de minha carreira. Como “Se eu largar o freio”, “Melhor eu ir”, que refletem muito no público que as vezes viveram alguma coisa parecida. Toda vez que a gente canta, é um momento diferente e a galera se entrega bastante.
Normalmente, suas músicas são bastante românticas. Você viveu essas histórias para poder compor?
Nove entre 10 brasileiros viveram, inclusive eu (risos). Em vários momentos você se vê no ‘olho do furacão’, a melhor coisa é sair fora, deixar pra lá e viver uma outra situação, como vivo hoje muito bem. Assim como eu cantei “Melhor eu ir”, hoje canto e tenho a “Dona do meu camarim”.
Você tem alguns novos projetos, como o seu canal do YouTube, o ‘Pagode do Pericão’ foi lançado por lá, inclusive.
Estamos aproveitando todas as nossas redes sociais, que são portas para a gente falar com nossa galera. Queremos mostra nossas novidades. Um desses projetos é o “Pagode do Pericão”, onde fazemos algumas releituras e cantar como seria na minha versão. Soltamos recentemente quatro canções, com uma inédita chamada “De Graça e de Glória”, composição do Prateado, Picolé e Thiaguinho. Eu queria uma música que falasse de amizade e eles me mandaram essa por ‘encomenda’. Uma homenagem à amizade entre o Gabriel Barriga e Thiaguinho. Porque as mães deles se chamam Graça e Glória.
Falando no Thiaguinho, você lançou essa canção com a participação do Chrigor e do Thiago, que foram companheiros seus de longa data no Exalta. Como foi isso para você?
É uma grande homenagem. Foram os primeiros nomes que eu pensei, quando quis falar de amizade. Para ser bem sincero, eu não tinha intenção de remeter ao Exaltassamba. Eu só fui reparar isso no palco, com os três cantores que tiveram essa trajetória de sucesso. Logicamente, cada um no seu tempo. Foi algo bastante emocionante e que não tínhamos vivido ainda, podendo se divertir. Quem tem amigo, vai se identificar com essa canção.
Dentre as releituras do seu canal, estão “Amiga da minha mulher”, “Sensível demais”, “Você me vira a cabeça”, entre outras. Esses sucessos estarão presentes no repertório?
“Amiga da minha mulher” é certeza. As outras que gravamos no canal, deixamos guardada para uma versão mais acústica, somente voz e violão. Porque achamos que a galera prefere dessa maneira. Mas quem sabe, eu venha a desobedecer e usar no show. É uma ideia. Mas eu sou obediente e vou deixar lá, por enquanto (risos).
O público ficou muito preocupado no período em que você esteve com a saúde debilitada. Como está sua saúde agora?
Há mais ou menos 10 anos, sofremos um acidente com o Exalta. O ônibus tombou enquanto voltávamos para São Paulo e, no momento do acidente, eu tinha levantado para ir no banheiro e acabei batendo a minha lombar. Eu fiz vários exames e não tinha constatado nada. Depois, descobri que tinha uma hérnia nessa região lombar e ainda tinha uma umbilical, que eu não sabia. Por isso, precisei fazer uma operação. Mas já estou novinho em folha, até dançando no show.
Você se mantém como um dos grandes nomes do pagode, desde os anos 90 até o atual. Qual o segredo para a galera curtir seu show por tanto tempo?
A gente tem que perseverar sempre. Eu respeito muito o que eu faço, e quem me ouve. Então acho que esse é o segredo. Se você respeita as pessoas ao seu redor, você é respeitado. Isso serve de alerta para quem quiser fazer o que for.
Você acha que mudou muito no jeito de cantar, do arranjo e tudo mais, depois que decidiu fazer carreira solo?
Sim. Eu procurei acompanhar as mudanças que vinham acontecendo. Sempre percebo os outros artistas cantando e tento trazer o que há de melhor para o meu som. É praticamente imitar os bons. Eu faço mesmo. Vejo essa gente boa, trago frases, melismas e uso no som que faço para agradar determinado público e, até agora, tem agradado a maioria.
E a sua vinda é para férias? Vai participar de algum show? Fazendo uma visita técnica?
Basicamente, é visita técnica. Para estarmos preparando o espírito e a galera, para que esse momento seja maravilhoso, porque Salvador merece algo assim. Tem várias festas o tempo todo, mas esse show do jeito que queremos fazer, é como essa cidade merece. Todo mundo reunido, vários artistas irão participar e, só não tem mais, porque alguns não conseguiram ter agenda. Porém, mandaram boas energias para a gente.
Teremos um grande evento aqui amanhã, com Harmonia, Parangolé e Léo Santana. Vai dar uma passadinha para ver os meninos?
É bem capaz, viu. Talvez seja um bom momento para eu invadir o palco desses caras. Estar com eles é sempre muito bom. Os três são talentos puros, e a prova de que a perseverança e o trabalho dão resultado. São frutos da periferia, do povo, e estão mostrando que dá para chegar lá com o seu trabalho. E esse encontro mostra muito bem isso.
De uns tempos pra cá, a gente tem notado uma ascensão muito grande de novos nomes no pagode, como Dilsinho, Ferrugem, Atitude 67. Como você vê esse mercado?
Eu sempre fico de olho. Tem muita galera boa chegando aí. É importantíssimo que esse povo chegue com o respaldo. Veja o que a galera que chegou primeiro faz, com relação ao respeito com os fãs. Eu tenho certeza que eles vão fazer isso. Porque essa galera veio para ficar, com um trabalho consistente, com muita verdade. São grandes nomes e não chegaram aonde chegaram a tôa.