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2 October 2024

Uma maré LGBT contra a ameaça Bolsonaro

“Eles não vão tirar nossos direitos tão facilmente”, diz a empreendedora social Isabel na primeira Parada do Orgulho LGBT da era Bolsonaro. Por naiaragg

Centenas de milhares de pessoas tomam São Paulo para defender as conquistas dos movimentos pela diversidade

Bolsonaro chamou de homossexual seu predecessor Lula para insultá-lo no Parlamento em 2005. Em 2011, afirmou: “Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí.” Há muitos outros exemplos. Inclusive recentes, pois ele insiste agora como mandatário. Há poucos dias, em entrevista, chamou de “menina” o ex-deputado Jean Wyllys, abertamente homossexual. E em abril, em café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, declarou que o Brasil “não pode ser um país de turismo gay”. E acrescentou, como se fosse incompatível: “Temos famílias.”

As conquistas dos últimos anos, legais e simbólicas, são evidentes no conservador Brasil desde 2002, quando a homossexualidade deixou de ser oficialmente uma doença. O casamento de pessoas do mesmo sexo e a adoção por casais gays foram legalizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o Estado paga cirurgias de readequação sexual… e as novelas refletem as mudanças sociais. Milhões de espectadores viram, há quatro anos, o primeiro beijo gay em Amor à Vida.

Ambos os eventos coincidem na cidade em cada feriado de Corpus Christi. De todo jeito, antes e depois da vitória de Bolsonaro, das conquistas legais, da visibilidade nas novelas, o Brasil mantém o recorde de assassinatos de pessoas LGBT. Nada menos que 126 foram mortas até agora em 2019. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, defende que “o poder público tem a obrigação” não só de “proteger” a diversidade, mas também de “celebrá-la”.