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29 November 2024

“É uma falácia dizer que a Amazônia é um patrimônio da humanidade”, diz Bolsonaro em discurso na ONU

O presidente Jair Bolsonaro abriu a 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York (EUA), nesta na manhã desta terça-feira (24). Em discurso, Bolsonaro afirmou ser “uma falácia dizer que a Amazônia é um patrimônio da humanidade e um equívoco” e acusou líderes estrangeiros de ataque à soberania do Brasil. Tradicionalmente, desde 1949, cabe ao representante do Brasil abrir o debate geral da assembleia das Nações Unidas. Foi o primeiro pronunciamento de Bolsonaro como chefe de Estado no encontro.

“Tenho compromisso solene com a preservação do meio ambiente. É uma falácia dizer que a Amazônia é um patrimônio da humanidade e um equívoco, como atestam os cientistas, afirmar que a Amazônia, a nossa floresta, é o pulmão do mundo. Valendo-se dessas falácias um ou outro país, em vez de ajudar, embarcou nas mentiras da mídia e se portou de forma desrespeitosa e com espírito colonialista. Questionaram aquilo que nos é mais sagrado, a nossa soberania”, disse Bolsonaro.

Bolsonaro afirmou, ainda, que tem “compromisso solene” com a proteção da Amazônia. Disse que a Amazônia é maior do que toda a Europa ocidente e “permanece praticamente intocada”, o que seria prova, de acordo com o presidente, de que o Brasil é “um dos países que mais protegem o meio ambiente”.

“Em primeiro lugar, meu governo tem o compromisso solene com a preservação do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável em benefício do Brasil”, declarou Bolsonaro. O discurso do presidente remete à crise provocada, em agosto, pela alta das queimadas na floresta amazônica. Bolsonaro trocou farpas com o presidente da França, Emmanuel Macron, que deixou em aberto a discussão sobre um possível status internacional na Amazônia.

O presidente trabalhou ao longo da última semana passada no discurso desta terça, com auxílio dos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional). Com a fala desta terça, Bolsonaro é o oitavo presidente brasileiro a abrir os debates. O primeiro chefe de Estado do país a discursar no encontro foi João Figueiredo, em 1982. Desde então, apenas Itamar Franco não se pronunciou ao menos uma vez na assembleia geral.

Terra indígena

Bolsonaro afirmou no discurso que não ampliará o percentual do território brasileiro com terras indígenas e disse que a “visão de um líder” não representa o pensamento de todos os índios do país.

“Quero deixar claro: O Brasil não vai aumentar para 20% sua área já demarcada como terra indígena, como alguns chefes de estado gostariam que acontecesse”, afirmou.

O presidente afirmou que, “muitas vezes”, líderes indígenas como o cacique Raoni, são “usados como peça de manobra” por governos estrangeiros. Ele não citou quais seriam os governos, no entanto, recentemente Raoni se encontrou com o presidente da França, Emmanuel Macron.

Bolsonaro chegou a Nova York na tarde de segunda-feira (23), acompanhado de uma comitiva que reuniu, entre outros integrantes, ministros, a primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos cinco filhos de Bolsonaro. Eduardo, que preside na Câmara a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (Creden), foi escolhido pelo pai para ser embaixador do Brasil em Washington. Todavia, a indicação ainda não foi enviada ao Senado, que terá de aprovar o nome do parlamentar.

O presidente viajou uma semana depois de receber alta hospitalar. No dia 8, ele passou por uma cirurgia para corrigir uma hérnia, o quarto procedimento desde que sofreu uma facada no abdômen em 2018.