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26 November 2024

Mesmo com dinheiro, Brasil não consegue comprar produtos médicos para pandemia

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, explicou, na tarde desta quinta (3), a dificuldade que o Brasil tem enfrentado para abastecer os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) utilizados contra a pandemia de covid-19. A produção dos artigos centralizada na China; a alta demanda pelos diversos países que enfrentam casos de coronavírus e o aumento do preço dos produtos são barreiras para o abastecimento do estoque nacional.

A falta dos EPIs não afeta apenas o combate à pandemia. “A máscara, a luva e o gorro também são usados para operar todas as urgências”, disse Mandetta, a respeito dos procedimentos não relacionados ao coronavírus que seguem sendo atendidos pelo Sistema Único de Saúde.

O Ministro explicou que compras feitas pelo Brasil que tinham previsão de entrega para os próximos dias não foram concluídas em decorrência de fatores de mercado, sobretudo a alta demanda dos produtos chineses por parte dos Estados Unidos. “Só acredito na hora que estiver dentro do país e na minha mão. Tenho contrato, documento e dinheiro. Às vezes o colapso é quando tem dinheiro e não tem o produto. O mundo inteiro também quer. Tem problema de demanda hiperaquecida”, afirmou ontem.

Em nota, o Ministério da Saúde reafirmou ao Congresso em Foco dificuldade de importar equipamentos – mesmo aqueles cuja compra já havia sido acordada. “Há uma demanda mundial por conta da pandemia, o que tem trazido escassez e dificuldades na produção e entrega desses insumos no cenário internacional, mesmo após a celebração de contratos”, informa a pasta.

Nesta semana, o Brasil firmou uma compra de 200 milhões de itens. De acordo com o Ministério, essa quantia “deve sustentar o sistema por cerca de 60 dias”. Além disso, foram repassados  40 milhões de itens a estados e municípios – estoque que deve durar aproximadamente 20 dias.

Respiradores

A disputa no mercado internacional não tem se concentrado apenas na compra de equipamentos de proteção individual para profissionais da saúde. Uma carga de 600 respiradores artificiais que foram comprados por estados do Nordeste foi retida no  no aeroporto de Miami (EUA), onde fazia conexão aérea para ser enviada ao Brasil. A informação é do jornal Folha de S. Paulo.

Após a retenção, a empresa cancelou a compra sem dar maiores explicações. “Alegaram apenas razões técnicas”, afirmou, à Folha de S. Paulo, o secretário da Casa Civil da Bahia, Bruno Dauster. A empresa, cujo nome não foi revelado, disse que a carga teria outro destino, não especificado. Entre os brasileiros, a desconfiança é de que os respiradores ficarão nos Estados Unidos para ser usado no tratamento de americanos.

Estados Unidos disputa com a França

Na corrida para reabastecer os equipamentos necessários para enfrentar a crise do covid-19, os Estados Unidos realizaram na quarta (1) uma compra significativa de equipamentos. Segundo Mandatta, eles enviaram 23 aviões cargueiros para a China para buscar os materiais.

A presença agressiva dos Estados Unidos no mercado não tem afetado apenas o abastecimento brasileiro. Nesta semana, várias autoridades francesas acusaram os EUA de comprar uma pedido de máscaras de fabricação chinesa que estava previamente destinado à França . De acordo com as autoridades regionais da França, os EUA pagaram aos distribuidores chineses pelo menos o dobro, em dinheiro, para receber os artigos médicos essenciais.“Hoje de manhã na pista [no aeroporto], na China, um pedido francês foi comprado pelos americanos em dinheiro, e o avião que viria para a França foi diretamente para os Estados Unidos”, disse Renaud Muselier, político local, à RT France, nesta quinta.

Leia a íntegra da nota do Ministério da Saúde sobre o desabastecimento de EPIs

“Até o momento, o Ministério da Saúde adquiriu  e repassou  40 milhões de itens a estados e municípios. O volume é suficiente para os estoques locais de cerca de 20 dias, além daquilo que os gestores locais já possuíam. Os materiais são necessários nos serviços de saúde, portanto, é natural que, assim que receba os produtos, eles sejam descentralizados para os estoques regionais.

A pasta mantem esforço constante na aquisição de mais equipamentos e insumos, buscando fornecedores nacionais e internacionais. Nesta semana, fechou uma compra de 200 milhões de itens, o que deve sustentar o sistema por cerca de 60 dias.

Neste cenário de emergência em saúde pública, o Ministério da Saúde tem apoiado os estados e municípios na aquisição e distribuição de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) no enfrentamento do coronavírus. Contudo, há uma demanda mundial por conta da pandemia, o que tem trazido escassez e dificuldades na produção e entrega desses insumos no cenário internacional, mesmo após a celebração de contratos.

O Ministério da Saúde, portanto, tem lançado alternativas para permitir o maior número de participantes e ofertas de quantidades possíveis dos fornecedores, como o fracionamento de aquisições. Cabe lembrar que, como já informado à imprensa, os valores estão acima daqueles normalmente praticados. O Ministério da Saúde tem analisado todas as possibilidades de compra e os processos acontecem com ampla divulgação. Vence quem apresentar o menor preço, conforme a legislação, de forma transparente e proba.