Isolamento social e testagem em massa: o que defende Nelson Teich, o novo ministro da Saúde
Escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para substituir Luiz Henrique Mandetta à frente do Ministério da Saúde, o oncologista Nelson Teich tem um posicionamento sobre a pandemia do novo coronavírus que, de certa forma, converge com a atuação de seu antecessor. Em um artigo publicado no dia 3 de abril, o agora ministro defendeu o isolamento social e a testagem em massa como estratégias de enfrentamento. E criticou a polarização entre saúde e economia.
“A situação (polarizada) foi conduzida de uma forma inadequada, como se tivéssemos que fazer escolhas entre pessoas e dinheiro, entre pacientes e empresas, entre o bem e o mal”, escreveu o ministro. Ele completou dizendo que, “felizmente”, a saúde foi priorizada, apesar dos riscos econômicos e sociais.
No texto, Teich diz que é importante “reduzir o volume da entrada simultânea de novos pacientes no sistema de saúde para que se consiga atender tanto aqueles com diagnóstico de covid-19 quanto aqueles com outras doenças e problemas, que não podem ter o seu cuidado postergado”. E comenta que neste momento, diante da falta de informações detalhadas sobre a maneira como o vírus se comporta, o isolamento social se impõe.
“A opção pelo isolamento horizontal, onde toda a população que não executa atividades essenciais precisa seguir medidas de distanciamento social, é a melhor estratégia no momento. Além do impacto no cuidado dos pacientes, o isolamento horizontal é uma estratégia que permite ganhar tempo para entender melhor a doença e para implantar medidas que permitam a retomada econômica do país”.
Ao comentar o proposta de “isolamento vertical”, defendida pelo presidente Bolsonaro, Teich disse que a estratégia “tem fragilidades e não representaria uma solução definitiva para o problema”.
O novo ministro defende no artigo um modelo semelhante ao da Coreia do Sul, com testagem em massa, monitoramento e rastreio de novos casos.
As posições do texto convergem com o que o novo ministro disse em seu primeiro pronunciamento esta tarde, ao lado do presidente da República – exceto, talvez, a questão econômica, que ganhou bem mais importância na fala de Nelson Teich do que em seu artigo.
A questão é que o ministro aponta caminhos sem traçar estratégias. A testagem em massa, por exemplo, é desafiadora – tanto pelo volume e capilaridade da população no Brasil, quanto pela dificuldade que o setor público enfrenta em dar conta da demanda por testes.
Teich ainda não disse como pretende implementar suas ideias. Entra no Ministério da Saúde “com o bonde andando”, e com o desafio de gerir a pasta em meio a uma pandemia.
O novo ministro termina o texto que publicou dizendo que “Tudo o que foi falado é muito fácil de falar, mas muito difícil de fazer acontecer”, reconhecendo que “gerir e fazer acontecer em períodos de crise é um desafio enorme”. A tendência é que comprove isso na prática.