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25 September 2024

‘Morre muito mais gente de pavor’, diz Bolsonaro sobre coronavírus

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que o “pavor” em torno do coronavírus mata mais do que o próprio vírus, sem apresentar um dado que comprove isso. Minutos após a declaração, foi divulgado pelo Ministério da Saúde que os registros de óbitos pela Covid-19 no Brasil.

— Morre muito mais gente de pavor, muitas vezes, do que de um ato em si. O pavor também mata, leva ao estresse, leva ao cansaço, a pessoa não dorme direito, fica sempre preocupada, “eu vou morrer se esse vírus me pegar” — disse Bolsonaro, durante transmissão ao vivo em suas redes sociais.

O presidente também disse lamentar as mortes, mas afirmou que todos morram um dia:

— A vida está aí. Nós vamos embora um dia. A gente lamenta mais uma vez a morte de todo mundo. A única certeza é que a gente vai embora um dia.

Em outro momento da transmissão, voltou a lamentar as mortes, mas na sequência disse que é preciso “coragem” para enfrentar o coronavírus:

— A gente lamenta os mortos, mas a gente tem que ter coragem de enfrentar. É como eu digo há 60 dias, é como uma chuva, você está aí fora, você vai se mulher. Ninguém contesta que por volta de 70% da população vai adquirir o vírus.

Bolsonaro voltou a afirmar que pode ter contraído o coronavírus sem ter percebido, fazendo a referência aos membros da comitiva que o acompanhou em uma viagem aos Estados Unidos e que foram infectados:

— Eu não sei se eu adquiri. O avião que eu vim dos Estados Unidos, tinham 32 vagas, se não me engano, 23 pegaram. 23 — disse. — Eu não peguei. Ou então, ee eu peguei, eu não senti sintoma nenhum.

Na semana passada, o governo apresentou três exames de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) com resultado negativo.

— Se tive, não tomei conhecimento. Fiz três exames — disse o presidente nesta quinta.

Críticas a multas por máscaras

Bolsonaro também criticou o trecho de um projeto aprovado na Câmara dos Deputados que cria uma multa para que não utilizar máscaras em ambientes públicos durante a pandemia do novo coronavírus. Bolsonaro afirmou que a população precisa ser convencida, e não obrigada, a utilizar o acessório.

— A Câmara aprovou uma lei para obrigar o uso de máscaras. Vai para o Senado. Só que no meio do projeto está atribuindo aos prefeitos a possibilidade de multar. Aí eu acho que, com todo respeito, nós temos que convencer o povo a usar máscara.

O projeto, que ainda precisa passar pelo Senado, foi aprovado na Câmara na última terça-feira. O texto determina que estados e municípios irão editar as normas para as multas.

Na transmissão desta quinta, Bolsonaro utilizou a proposta para voltar a cobrar a retomada das atividades comerciais. De acordo com ele, não fazer isso seria o mesmo que dizer que as máscaras não funcionam.

— Se nós dissemos a vocês que a máscara evita o contágio, vamos poder trabalhar, pô, de máscara. Se não puder trabalhar de máscara, é sinal de que a máscara não funciona. É uma coisa simples.

O presidente disse que estava dando apenas um “palpite”, por ter sido “alijado” do processo de decisão sobre medidas de combate à Covid-19, em referência indireta a ma uma decisão do STF. Na verdade, a Corte decidiu que governadores e prefeitos têm poderes para baixar medidas restritivas no combate ao coronavírus, masque governo federal também pode tomar medidas em casos de abrangência nacional.

— O que eu acho que tem que fazer..Posso dar palpite, sou presidente da República mas fui alijado da decisão. Não faço parte da decisão.

Em outro momento, sugeriu aos governadores a abertura, dizendo que ele não decide e apenas está “mandando bilhões” para eles, em referência ao plano de socorro a estados e municípios que deve ser sancionado nos próximos dias.

— Todos têm a ganhar com a volta responsável ao serviço. Senhores governadores, respeitosamente, os senhores que decidem, eu apenas estou mandando bilhões para os senhores. O estado que tiver um plano de abertura, abertura radical, obrigando a máscara, sem multa, no convencimento, vai ser um governador que vai ser reconhecido, porque a ansiedade por parte da população está enorme.