“Adversário” do isolamento social, Bolsonaro atrasa retomada de atividades, diz ACM Neto
O prefeito de Salvador, ACM Neto, afirmou nesta segunda-feira, 25, que o presidente Jair Bolsonaro é um “adversário” do isolamento social e atrapalha a retomada de atividades no país. Em entrevista virtual, o presidente do DEM criticou as novas aglomerações causadas pelo chefe do Palácio do Planalto no último final de semana.
No sábado, 23, Bolsonaro foi à casa do ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, em seguida à casa de um dos filhos, e depois parou para comer em uma barraca de cachorro-quente. No domingo, 24, o presidente cumprimentou apoiadores em um ato favorável ao governo e chegou a carregar crianças no colo.
“Nós temos dois adversários na aplicação efetiva das medidas de isolamento. O primeiro, sem dúvida, é o governo federal. Infelizmente, o presidente da República insiste em adotar medidas e tomar posições que acabam gerando dúvida na cabeça das pessoas. Ainda nesse final de semana, ele voltou a participar de aglomerações no Distrito Federal, o que é lamentável”, disse o prefeito.
Ainda segundo Neto, a postura do presidente retarda o planejamento para a reabertura econômica. “Seria muito melhor para o país se prefeitos, governadores e o presidente estivessem unidos, todos falando a mesma linguagem, porque com isso sairíamos mais rápido. Quem paga o preço do relaxamento somos todos nós. Todos nós pagamos o preço do não cumprimento efetivo das medidas se isolamento social, porque acaba que elas passam a ter que valer por mais tempo. Se houvesse um alinhamento de todo mundo, se o presidente estivesse colaborando, talvez já estivéssemos retomando as atividades no Brasil. Com protocolos sérios, rigorosos, mas era muito provável que já estivéssemos retomando as atividades. O outro fator que não contribui para o isolamento é o próprio êxito das medidas. Quanto mais a gente consegue evitar o colapso no sistema da saúde, mais as pessoas se sentem confortáveis”, declarou.
Reunião ministerial – O prefeito ainda criticou as declarações do presidente e de auxiliares durante a reunião ministerial do dia 22 de abril, cujo vídeo foi divulgado na última sexta, 22. Neto destacou a fala da ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), que defendeu a prisão de gestores que adotaram o isolamento social.
“Os termos usados naquela reunião divulgada são muito sérios, não apenas pelo presidente, mas por alguns dos seus ministros. Fiquei perplexo ao ver a ministra Damarares, por exemplo, defender a prisão de prefeitos e governadores que estão adotando medidas de isolamento social. A gente viu ali declarações muito pouco democráticas, isso para não falar das colocações de baixo calão, os palavrões, as grosserias. Claro que, quando você está reunido com sua equipe de trabalho, às vezes uma pessoa ou outra fala algo fora de contexto ou vem uma palavra mais dura. Isso é normal, mas dentro de um limite. Não é o que nós vimos”, afirmou.