Jovem prevê a morte e pede rosas brancas ao redor do caixão antes de ser entubado
A mãe do técnico de enfermagem Klediston Kelps, de 22 anos, disse que seu filho já sabia que não resistiria à entubação e que ele se despediu da família no dia em que foi para a Unidade de terapia intensiva (UTI). Klediston morreu no sábado (25), vítima do coronavírus, em Primavera do Leste (a 239 km de Cuiabá).
A mãe de Klediston, Elisângela da Silva Faria, de 40 anos, conta que no dia em que seria entubado, o técnico de enfermagem mandou mensagem para a família e para a mãe, dizendo que poderia não resistir.
Na conversa pelo Whatsapp o jovem escreveu. “Quero rosas brancas enfeitando o meu caixão – Estou sendo realista – Apenas uma vermelha”.
Ele deu entrada na rede municipal de saúde no final de junho. O estado de saúde dele se agravou e no dia 18 de julho e ele foi transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular onde ficou sete dias internado, porém, não resistiu.
Elisângela disse que ele também mandou um adeus no grupo da família. A mãe contou que não pôde realizar o desejo do filho, já que, por causa da doença, não houve velório e o sepultamento foi feito com o caixão lacrado. No entanto, a mãe levou as flores pedidas pelo filho até o local em que ele foi enterrado.
Klediston era técnico de enfermagem concursado em Primavera do Leste e cursava o último semestre de enfermagem no município. Elisângela, que é técnica de enfermagem do Samu, conta que o filho já tinha muitos planos e sonhos para a carreira dele.
“Ele dizia que queria seguir meu passos e que por isso tinha escolhido a enfermagem. Mas também dizia que não queria parar por ali, sonhava em terminar o curso e se tornar enfermeiro e depois estudar ainda mais, até chegar ao doutorado. Meu filho era muito dedicado em tudo que fazia. Ele estudou muito para passar no concurso do local em que trabalhava. E estudava ainda mais”, relata.
A mãe conta que, apesar de ter se mudado para Primavera do Leste para assumir a vaga do concurso, Klediston continuava mantendo contato com a mãe diariamente.
A família do técnico em enfermagem acredita que ele foi contaminado pela Covid-19 durante os plantões no trabalho. Klediston havia pegado dengue semanas antes. Por causa disso, o sistema imunológico já estava debilitado.
Junto a isso, a mãe conta que a família tem histórico de cardiopatia e que acredita que a comorbidade possa ter influenciado na recuperação.
Os primeiros testes feitos no jovem deram negativo para Covid-19. Segundo Elisângela, quando Klediston foi diagnosticado, os sintomas já eram mais fortes.
Apesar disso, a mãe conta que ainda tinha esperanças e esperava pela saída do filho, mas notou que nos últimos dias de vida, ele estava se sentindo mais cansado e sem forças.
A prefeitura lamentou a morte do jovem e disse que no trabalho ele era dedicado, atencioso e cuidadoso. O jovem atuava em um posto de saúde, fazia plantões no setor de urgência e emergência da UPA. O resultado do exame que confirmou a morte por coronavírus saiu na segunda-feira (27).
FONTE: FALA ALAGOINHAS