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25 September 2024

Médica que foi jogada pelo namorado do 5º andar acordou do coma está com a memória fraca e nao se lembra do dia do acidente

  1. Memória Recente de Sáttia ficou comprometida, mas ela diz querer “justiça”

Aloísio Freire, advogado da médica Sáttia Lorena, de 27 anos, que caiu do 5° andar do seu prédio, contou que a Sáttia já saiu do coma e está consciente até o momento. Ela revelou também que a médica já conversou com a delegada que investiga o caso, Bianca Torres, e relatou que vivia em uma relação abusiva. Sáttia, porém, devido o trauma do acidente, está com a sua memória recente comprometida e não se lembra do dia do acidente. Em conversa com o programa PNotícias, da Piatã FM, nesta sexta-feira (21), o advogado reafirmou que ainda é um momento de cautela.

Aloísio contou sobre o depoimento da médica e opinou que o momento ainda é de continuar adotando a postura cautelosa. Ele começou: “Ela conversou com a delegada, no entanto, em relação ao que aconteceu naquele dia, ela não se recorda ainda. Isso é absolutamente natural por conta do trauma, tanto o trauma físico – ela tomou uma pancada na cabeça, afinal de contas –, quanto o próprio trauma emocional. Então, o que nós precisamos agora é dar tempo ao tempo porque a expectativa é de que ela melhore cada vez mais e aí possa se recordar do que aconteceu efetivamente”.

Aloísio contou também que Sáttia afirmou viver em uma relação abusiva, porém, de acordo com ele, esse fato já estava claro no inquérito, logo, não houveram tantas mudanças significativas no caso. “Nessa conversa com a delegada, ela relatou sim situações de abuso, que vivia uma relação abusiva com o Rodolfo. Na verdade, esse é um fato que já estava claríssimo no inquérito”, disse. “Ele controlava os celulares dela, as roupas que vestia, enfim, uma relação que não é saudável. Agora, quanto ao que aconteceu naquele momento, ela ainda não se recorda”, afirmou.

Ele ainda pontuou: “Então, efetivamente, do ponto de vista da investigação, a gente continua aguardando a conclusão dos laudos, a respeito das perícias que foram feitas e também, claro, se a doutora Sáttia começar a recuperar essa memória recente, que é o que está ainda afetada, ela vai poder trazer maiores esclarecimentos”.

Questionado sobre a fala da médica que, ao acordar, disse querer “justiça”, mesmo afirmando não se lembrar do ocorrido, ele disse que não saberia precisar o que ela quis dizer com isso.

“Na conversa com a delegada ela se mostrou apreensiva, se emocionou algumas vezes, mas a gente tem que manter ainda a cautela de sempre. Não dá pra imaginar. Recém saída de um coma, enfim, extremamente traumatizada, eu não tenho – até por dever de honestidade intelectual – como lhe precisar o que ela quis dizer com ‘aquilo’. Eu continuo dizendo que é preciso muita cautela, aguardar a chegada de todo material probatório e a própria lembrança dela. A memória recente é normal que fique afetada, nesse caso”, disse.

Afirmando que o futuro do quadro clínico da médica ainda é incerto, ele comentou: “Os médicos não conseguem, por exemplo, precisar quando ela vai ter alta e de que forma ela vai ter alta. Eles não conseguem precisar se ‘amanhã’ ela vai precisar de uma nova cirurgia, por exemplo. Então, que ela relatou uma relação abusiva, isso é fato. Agora, quanto ao momento, ela disse certamente que ela não se recordava”.

Aloísio ainda elogiou a postura da delegada que não “forçou” a memória da vítima durante o depoimento: “A autoridade policial muito sensível, com muita inteligência não tentou forçar uma lembrança porque isso poderia, inclusive, agravar o quadro clínico dela. Em determinados momentos, os batimentos cardíacos oscilavam, enfim, absolutamente natural”. Ele voltou a pontuar que o momento “é paciência, cautela e responsabilidade”.

Contudo, Aloísio revelou: “No termo de depoimento, ela disse que estava lá por causa dele. Agora, ela não consegue lembrar os detalhes do que aconteceu”. Porém, continuou ponderando que este não é momento de responsabilizar e nem inocentar ninguém, mas sim, apurar os fatos com responsabilidade.

Sobre a evolução clínica da médica, ele disse: “Embora o caso seja considerado grave e que inspira cuidados, há uma expectativa de que ela vá recuperando essa memória recente. Isso acontece com muita gente que passa por um período tão longo de internação. Agora, os médicos não precisam, não agendam, quando ela vai, plenamente, recuperar a lembrança, assim como eles não conseguem precisar quando ela vai ter alta e de que forma. Não conseguem precisar, sequer, se haverá sequelas”.

Aloísio falou sobre o andamento do processo, a espera dos laudos e a recente decisão da delegada Bianca Torres em prorrogar o inquérito. “É uma investigação que não é simples. Depende de prova técnica também, pericial. Então, é absolutamente natural que um inquérito dessa natureza não seja concluído em 30 dias. Portanto, a gente recebe – acredito que a defesa do Rodolfo também – com certa tranqüilidade, já esperávamos esse pedido de prorrogação do inquérito”.

Ele voltou a elogiar a postura da delegada diante às investigações: “A delegada é muito cautelosa, muito inteligente nas investigações. Acredito eu, e penso que ela está certa, de querer ter todos esses elementos de prova técnica e, quem sabe, antes mesmo de relatar, a própria Sáttia possa recordar efetivamente de todos os detalhes do acontecido e aí poder relatar o inquérito e encaminhar à Justiça”.

“Como houve a revogação da prisão preventiva do Rodolfo, esses prazos de conclusão do inquérito ficam até mais flexíveis. O grande efeito talvez tenha sido esse, embora ainda exista, cautelares diversas da prisão que impedem que ele, por exemplo, tenha contato com a Sáttia ou com os familiares”, explicou.

Sobre o quadro clínico da médica, Aloísio conta que ainda inspira cuidados, pois mesmo tendo saído da UTI e ter ido para a Semi-Intensiva, a irmã de Sáttia conta para ele que às vezes a vítima ainda tem que voltar para o local, mostrando assim, que o quadro ainda oscila muito. Porém, ele afirmou que a médica está evoluindo gradativamente.

Ele conta ainda que, por causa da pandemia, toda a família da vítima não está podendo ir visitá-la. Ele disse que a irmã de Sáttia está escalada para acompanhá-la neste período de internação. Aloísio ressalta que ele ainda não teve contato com a médica, pois entende que, neste momento, a prioridade é a saúde dela e que a investigação seguirá “seu curso normal”.

Aloísio relembra o acidente, onde a vítima caiu do 5° andar e diz que “muitos considerariam um milagre” ela estar consciente após 30 dias. E resumiu: “É um quadro grave, mas que vem evoluindo significativamente”.

Por fim, ele fala sobre os próximos passos do inquérito: “Os laudos estão sendo preparados, relativos à perícia e importantíssimo para a elaboração do relatório pela autoridade policial. Os celulares também foram encaminhados para a perícia. Se, efetivamente, identificar alguma coisa nesses aparelhos que ainda não tenha sido trazido ao inquérito, claro que isso ‘puxa’ aí mais um ‘fio’, mais um caminho a se aprofundar. Mas, fora isso, efetivamente, várias testemunhas já foram ouvidas e me parece que é mesmo aguardar a conclusão dos laudos e torcer para que a doutora Sáttia recupere a memória recente e possa trazer detalhes do que aconteceu. E aí, a autoridade policial, então, fecha o acervo probatório e pode fazer outro relatório e encaminhar à Justiça e o Ministério Público então vai decidir o que faz”.

 

P Notícias