Maioria dos candidatos da Bahia se autodeclara parda; Salvador terá 1º pleito a prefeito com 56% de políticos pretos
Com o final do prazo para o registro de candidaturas, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) constatou que alguns candidatos a prefeitos e vereadores de cidades baianas alteraram a raça declarada ao TSE no pleito deste ano.
Conforme dados divulgados pelo TRE, até as 11h desta segunda-feira (28), 40.763 pessoas se candidataram a cargos políticos na Bahia. Destas, 23.886 se autodeclararam pardas (58,6%), 8.134 como pretas (19,95%), 7.395 brancas (18,5%), 157 amarelas (0,39%) e 140 indígenas (0,34%). O restante, 1.051, não respondeu (2,57%).
Nas eleições de 2016, 36.806 políticos se candidataram a cargos. Destes, 23.225 se autodeclararam pardos (63,01%), 7.596 como brancos (20,64%), 5.756 como pretos (15,64%), 162 como amarelos (0,39%) e 87 como indígenas (0,24%).
Com isso, é possível observar um aumento no número de candidatos que se autodeclaram pretos de 4,31% entre as eleições de 2020 e 2016. A maioria dos candidatos seguem se autodeclarando pardos.
Salvador nunca teve um candidato que se declarou como preto eleito para prefeito. Neste ano, a capital baiana terá 1° pleito a prefeito com aproximadamente 56% de políticos pretos e aproximadamente 22% que se autodeclararam brancos e pardos.
Entre os nove candidatos de Salvador, o Pastor Sargento Isidório (Avante), se autodeclarou como pardo, nas eleições de 2016, quando também disputava o cargo de prefeito da capital baiana. Neste ano, o político se autodeclarou preto.
Confira a declaração de cor/raça dos nove candidatos à prefeitura de Salvador:
Bacelar (Podemos): Branca
Bruno Reis (DEM): Parda
Celso Cotrim (PROS): Branca
Cezar Leite (PRTB): Branca
Hilton Coelho (PSOL): Preta
Major Denice (PT): Preta
Olívia Santana (PC do B): Preta
Pastor Sargento Isidório (Avante): Preta
Rodrigo Pereira (PCO): Preta
De acordo com um levantamento feito pelo G1, mais de 25 mil candidatos, no Brasil, que concorreram na eleição de 2016, alteraram a raça declarada ao TSE no pleito deste ano. Destes, 40% deixaram de ser brancos e passaram a se considerar negros.
O número pode ser ainda maior, já que os partidos tiveram até sábado (26) para fazer o registro das candidaturas e a base de dados do TSE ainda está incompleta.
Para especialistas, há três hipóteses para as mudanças de classificação de raça/cor entre os candidatos: aumento de identificação/consciência, erro de preenchimento e fraude.
O ministro Ricardo Lewandowski determinou que valerá já nas eleições deste ano a divisão proporcional de recursos e propaganda eleitoral entre candidatos negros e brancos, o que pode ter impactado nas mudanças.
Em Barreiras, no oeste da Bahia, o deputado federal Carlos Tito (Avante) disputará a prefeitura da cidade declarando ser pardo. Em 2016, ele se declarava branco.
O G1 entrou em contato com a assessoria de Carlos Tito, que afirmou que ocorreu um erro no registro de 2016 e que a mudança não tem relação com a cota de 30% para negros.