Caso Mari Ferrer: advogado de empresário humilha jovem em audiência; MP fala em “estupro culposo”
O caso da influencer Mari Ferrer, que ficou conhecida nacionalmente após denunciar um caso de estupro supostamente cometido pelo empresário André de Camargo Aranha, após ela ter sido dopada, ganhou um novo holofote nesta terça-feira (3/11). O The Intercept Brasil divulgou um vídeo que mostra a mulher sendo humilhada pelo advogado do empresário, Cláudio Gastão da Rosa Filho.
Nas imagens, o advogado mostra fotos da modelo, publicadas em suas redes sociais, que nada tem a ver com o caso. “Não dá pra dar o teu showzinho. Teu showzinho você vai dar lá no Instagram depois pra ganhar mais seguidores. Tu vive disso, Mariana”, diz Gastão, alegando ainda que a jovem era uma “desconhecida” e que seu “ganha pão” era a “desgraça dos outros”.
O advogado segue disparando ofensas contra Mari. “Manipular essa história de virgem”, fala, mostrando fotos “sensuais” da jovem, tiradas antes do ocorrido. “Não tem nada demais nas fotos, ‘né'”, continua ele. “Mas eu estou de roupa”, rebate ela. “Não tem nada demais mesmo. A pessoa que é virgem ela não é freira não, doutor. A gente está no ano 2020”. A humilhação por parte do advgado prossegue, e a jovem chega a pedir por “respeito”.
O The Intercept também teve acesso à sentença, onde o Ministério Público de Santa Catarina alega que Aranha cometeu “estupro culposo”, pois não teria tido a “intenção de estuprar”. O site destacou que a essa tese não tem “qualquer precedente na justiça brasileira”.
O vídeo provocou indignação em milhares de internautas, que levantaram diversas hashtags referentes ao caso no Twitter, e levaram o assunto aos mais comentados na rede social. “Dia de derrota para todas nós, mulheres. A justiça nesse país é ridícula”, comentou uma usuária. “Mesmo que ela fosse uma prostituta profissional e fizesse filmes pornô ninguém tem o direito de forçar uma relação sexual”, concordou outra.
CASO
O crime teria ocorrido no dia 15 de dezembro de 2018, em um requintado clube de Florianópolis. O caso foi divulgado pela própria Mari Ferrer, em seu perfil no Instagram. Em seu relato, a modelo alegou que era virgem, e que foi dopata e estuprada “por um estranho”.
Além disso, ela também expôs imagens de vídeos do estabelecimento, prints de conversas em rede social, pedindo socorro para as amigas, e uma foto do vestido que ela usava, ensanguentado. Ela denunciou o crime, e realizou exames que encontraram o sêmen do acusado na calcinha da jovem.
Mesmo assim, o Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC), entendeu que houve “ausência de provas contundentes nos autos” e o réu foi absolvido “em respeito ao princípio da dúvida”.
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