“Um desastre”: aliados voltam a reclamar da postura de Rui Costa na campanha de Salvador
O perfil técnico e avesso à política do governador Rui Costa (PT) parece ter sido comprovado durante a campanha eleitoral. Sem “traquejo” para negociar e orientar as lideranças da própria base, o petista facilitou o caminho para que o indicado de ACM Neto (DEM) alcançasse o posto de favorito na disputa. Os próprios aliados o avaliam como um “desastre”.
Rui filiou e lançou Major Denice Santiago como nome do PT para as eleições em Salvador, mesmo em meio a críticas de petistas, incluindo o senador Jaques Wagner. Além de um nome “outsider” e considerado “fraco” politicamente por alguns aliados, tem um perfil muito semelhante ao de outra candidata da base, a deputada estadual Olívia Santana (PCdoB).
“Uma total bagunça. Ele concentrou os esforços em Denice, e não houve discussão para alinhar o apoio em uma única candidatura. Ainda me coloca uma militar”, disse à reportagem, em condição de anonimato, uma forte liderança na Bahia do partido comunista.
O insatisfeito PCdoB faz chapa com o PP, do vice-governador João Leão, figura com a qual Rui Costa entrou em conflito nos últimos meses por causa da disputa pela Presidência da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). Enquanto o petista quer manter um acordo para o PSD assumir a Casa, Leão quer manter o presidente Nelson Leal no poder.
Abusou da máquina pública
Uma relevante figura do PSD baiano foi ainda mais incisivo em suas críticas ao governador Rui Costa (PT). Para o interlocutor, também ouvido em condição de anonimato, o petista abusou da máquina pública, utilizando a Polícia Militar a favor da candidatura de Major Denice durante as carreatas. Em Salvador, o partido apoia a candidatura do deputado federal Pastor Sargento Isidório (Avante).
“Tinha Esquadrão Águia, tinha tudo. A Polícia Militar participou das carreatas. Ele abusou da máquina pública”, disse, indignado.
Esse interlocutor conta que Rui só se preocupou com as candidaturas da base quando elas já tinham sido anunciadas. “Não conversou com ninguém. Foi cada um por conta própria”, avaliou.
“Ele é gerente?”
Por pouco o Podemos não saiu da base de Rui Costa (PT). O governador conseguiu convencer a sigla comandada na Bahia pelo deputado federal Bacelar a continuar, em troca de mais espaço no governo. Atualmente, o partido tem apenas a diretoria da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), de responsabilidade do irmão do parlamentar, Maurício Bacelar.
“Esse negócio dele ser técnico, não gostar de política…ele é gerente, por acaso?”, indagou um agente político do Podemos.
“Uma campanha horrorosa, uma candidata [Major Denice] artifical”, completou esse interlocutor.
Pesquisas
Rui Costa pode negar publicamente o resultado das pesquisas eleitorais, mas o cerco está apertado para o governador. Todas as pesquisas apontam o favoritismo de Bruno Reis (DEM) na disputa; as últimas ainda colocam o indicado de ACM Neto como vitorioso no primeiro turno.
A pesquisa de intenção de votos realizada pelo instituto Ibope e divulgada neste sábado (14) mostra Bruno Reis (DEM) na liderança com 66% das intenções de voto. Major Denice (PT) aparece em segundo com 17%.
O levantamento está registrado no TSE sob número BA-06193/2020. O nível de confiança utilizado é de 95%. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. Foram ouvidos 805 eleitores da cidade de Salvador entre os dias 12 a 13 de novembro.
Bnews