Chefe de gabinete de prefeitura baiana ‘fura fila’ e toma vacina contra Covid; gestão justifica
O chefe de gabinete da prefeitura de Prado, extremo sul da Bahia, desrespeitou o critério de prioridade e tomou vacina contra a covid-19 nesta terça-feira (19).
Apesar de ter recebido uma das 1.360 doses do imunizante recebidos pelo município, Nailton Batista Oliva não está incluído nos grupos prioritários da vacinação, determinados no plano do governo estadual.
São prioridade neste primeiro lote da vacina: trabalhadores da saúde, pessoas de 60 anos ou mais que vivem em abrigos, pessoas com deficiência institucionalizadas, população indígena vivendo em terras indígenas.
Em nota, a prefeitura de Prado alegou que antes de ser nomeado chefe de gabinete, Nailton era motorista de ambulância e, por isso, sempre esteve na linha de frente da equipe responsável pelo combate da Covid-19 em Prado.
“Se percebe que desde a nomeação o referido servidor sempre esteve vinculado à Secretaria de Saúde de Prado até quando passou a desempenhar a função de chefe de gabinete, recentemente”.
Na nota, a prefeitura disse ainda que a enfermeira Viviane Silva Jesus, “em razão de já conhecer o Sr. Nailton e considerando a longa e extensa convivência que manteve com o mesmo”, decidiu aplicar a vacina nele. “Registre-se que não houve má-fé da enfermeira, não houve intenção clara e manifesta da mesma em burlar a ordem de prioridade da vacinação, nem muito menos utilizou o Sr. Nailton do referido momento para se envaidecer por ter recebido a vacina da Covid-19”, defende, acrescentando que desde o início da pandemia ele esteve na linha de frente.
Outro caso de desrespeito aos critérios de vacinação aconteceu na cidade de Candiba, no sudoeste do estado. O prefeito Reginaldo Martins Prado (PSD) também ‘furou a fila’ e tomou a primeira dose da vacina. Em uma foto publicada nas redes sociais da prefeitura, Reginaldo aparece tomando a primeira dose da Coronavac. O município recebeu 100 doses do imunizante.
O Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), em atuação conjunta, ajuizaram, nesta quarta-feira (20), na Justiça Federal, duas ações contra o prefeito. Os órgãos pediram a condenação do gestor por ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública – princípios da impessoalidade e da moralidade – e a indisponibilidade de bens para pagamento de multa no valor de R$ 145 mil.