Queda da produção da testosterona é risco aos homens na pandemia
Assim como as mulheres, os homens também passam pelo período de queda hormonal: a andropausa. Esse processo de Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM) merece uma atenção especial, principalmente dos homens entre 45 e 50 anos, alerta o urologista e professor mestre da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Flávio Antunes. Durante a pandemia, estudos apontaram uma possível relação entre a piora dos infectados pelo coronavírus com os níveis mais baixos do hormônio testosterona.
O estudo feito por cientistas turcos, publicado em setembro do ano passado na edição da revista The Aging Male, traz uma possível relação entre a queda da testosterona nos pacientes em estados mais graves da covid-19. Os especialistas verificaram a perda da libido em grande parte dos analisados. O estudo, ainda novo para a comunidade científica, foi feito com 221 homens, em diferentes níveis de gravidade da doença.
O principal hormônio sexual masculino está associado ao sistema imunológico dos órgãos respiratórios, mas a pesquisa turca ainda deixou muitas lacunas que devem ser novamente avaliadas. Ainda assim, o urologista Flávio Antunes diz que os dados não podem ser alarmados e nem negligenciados. Segundo ele, a ida até o consultório médico é a melhor opção na hora de cuidar da saúde.
Sintomas da Andropausa
De acordo com o médico, quando há a diminuição da testosterona ocorre também a diminuição da libido, da capacidade de ereção, diminuição da massa muscular e o aumento da gordura corporal. Os homens também relatam que passam a se irritar mais facilmente e alguns apresentam depressão. A andropausa pode afetar diretamente o sistema reprodutor masculino, causando a infertilidade.
“Geralmente, a queda do hormônio acontece entre os 45 e 50 anos e ela diminui o desempenho sexual. O ideal é que o homem faça os exames de rotina a partir dos 40 anos, pelo menos, uma vez ao ano.
Homens que tenham menos de 40 anos e possuem os sintomas devem procurar um especialista imediatamente. A reposição da testosterona pode ser feita de várias formas. As mais comuns são por meio de géis e adesivos colocados na pele, além de injeções indicadas pelo médico.
Posso me medicar?
Flávio Antunes faz um alerta sobre o uso de medicamentos sem a orientação médica.
“Muitos homens não gostam de ir ao médico e tentam se automedicar para aumentar os níveis do hormônio, mas isso é errado. O uso de testosterona pode trazer várias consequências. Ela pode interferir na produção dos espermatozoides, pode ajudar no aumento dos riscos de câncer de fígado e pode levar a diminuição da produção endógena, trazendo consequências lá na frente”, ressalta.
Como evitar?
Entre os meios para se evitar uma aceleração nos níveis de queda do hormônio estão os exercícios físicos. Pessoas que fazem atividades todos os dias, que controlam o peso e mantém uma dieta equilibrada costumam manter os níveis normais da testosterona. O urologista ressaltou que quanto maior o peso, maior o risco de a produção do hormônio diminuir.
Câncer de próstata e a testosterona
Questionado sobre a relação da andropausa com o câncer de próstata, o urologista Flávio Alencar diz que a queda da testosterona não está relacionada com a origem da doença.
“Os dois não estão relacionados, mas se a pessoa já tem o câncer de próstata e começa a fazer a reposição hormonal, esse aumento da testosterona pode estimular o crescimento do tumor. Por isso é sempre importante fazer uma avaliação com o urologista antes da reposição para verificar se há o câncer de próstata”, disse.