"Ela demorou de sair, então fui lá e atirei", confessou jovem que matou professora na Vila Laura
No fim da tarde de ontem, a polícia prendeu um acusado de matar, com um tiro, a professora de Matemática Andrea Borges, 43 anos, na Vila Laura. Danilo Neres Santos, 18 anos, foi preso na Baixa do Alto do Cruzeiro, localidade de Brotas. Na mesma ação foram apreendidos dois adolescentes, de 14 e 16 anos, que, segundo a polícia, também participaram do crime.
Custodiado na 6ª Delegacia Territorial (Brotas), Danilo confessou o crime, que aconteceu na manhã de domingo. Questionado por um investigador, sobre por que efetuou o disparo que atingiu a nuca da professora, ele respondeu: “Dei a voz (de assalto), ela demorou de sair, então fui lá e atirei”.
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O crime aconteceu próximo à delicatessen Super Panilha, na Rua Raul Leite. A professora, que morava em um condomínio próximo, havia ido até o local para comprar pão. Ela estava acompanhada do filho de 6 anos, que estava no banco de trás, quando foi abordada. Instantes depois, foi atingida pelo disparo, do lado esquerdo da nuca. Ela morreu na hora.
A polícia apura se Andrea tentou fugir ou se assustou com a abordagem, acelerando o Celta. Após o disparo, o carro da professora seguiu sem controle por cerca de 50 metros até bater em um veículo abandonado na Rua Carlos Chenaud. A criança não se feriu.
Segundo apurou o CORREIO, Danilo, logo após ter atirado, fugiu junto com um dos adolescentes pela Rua Professor Alfredo Rocha ao encontro do outro adolescente, que deveria estar aguardando em um carro, que havia sido roubado pelo trio na noite anterior, próximo a um hipermercado da região. No entanto, eles não encontraram o adolescente, que fugiu no carro, abandonando os dois, assim que ouviu o disparo.
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Corpo da professora foi sepultado na tarde de domingo, no Campo Santo |
Um vídeo de câmeras de segurança da região mostra o momento da fuga. Nas imagens, os dois suspeitos, que estão usando bonés e bermudas, andam a passos largos na rua. Um deles, assombrado, parece não saber para onde fugir. O outro, que leva uma mochila nas costas, se preocupa com algo, provavelmente a arma, que leva na cintura.
APRESENTAÇÃO
Danilo será apresentado hoje, às 11h, na sede da Polícia Civil, na Piedade. Ele e os dois adolescente foram localizados por investigadores da 6ª Delegacia Territorial (Brotas). Danilo já esteve apreendido por assalto quando era adolescente, segundo a Polícia Civil.
Antes da prisão, o delegado Marcelo Sansão disse ontem que, segundo informações coletadas na investigação, os bandidos são conhecidos dos moradores da região por praticar assaltos frequentemente na área.
A apresentação do caso hoje será conduzida pela diretora do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), Maria Fernanda Porfírio, pela titular da 6ª DT/Brotas, Maria Dail Sá Barreto, e pelo delegado Marcelo Sansão, titular da 1ª Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico).
HOMENAGENS
Ontem de manhã, as duas escolas onde a professora dava aulas – o Colégio Salesiano, em Nazaré, e o Colégio Estadual Brigadeiro Eduardo Gomes, na Vila Laura – homenagearam a pró.
“Descanse em paz! Que Deus cuide de você como você cuidou da gente”, dizia uma das mensagens escritas em folhas de caderno de alunos do Salesiano. Ontem, foi um dia de aula atípico, reservado para o luto. As mensagens dos alunos foram deixadas em torno de uma cruz colocada no jardim do colégio.
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Os estudantes escreveram mensagens para a pró que foram depositadas ao redor da cruz |
Andrea trabalhava há quase dois anos no Salesiano e ensinava no 6º ano do turno matutino. As homenagens à professora começaram com uma oração antes das aulas. Depois da oração, realizada em frente à imagem da Nossa Senhora Auxiliadora, padroeira do colégio, a equipe da pastoral pôs uma cruz de madeira em um dos jardins com a foto da educadora.
Já no Colégio Estadual Brigadeiro Eduardo Gomes, na Vila Laura, os também alunos de Andrea saíram pelas ruas da região pedindo justiça. Boas recordações e indignação dividiam os estudantes.
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Estudantes do Colégio Estadual Brigadeiro Eduardo Gomes caminham com cartazes até o local do crime |
No colégio da rede estadual, Andrea ensinava para os alunos do 1º, 2º e 3º ano do ensino médio pela manhã e, à tarde, para alunos do 5º e 6º ano. Os adolescentes não só fizeram orações, como seguiram em passeata do colégio até o local do crime, na Rua Raul Leite.
Com faixas e cartazes, eles pediram que a morte de Andrea não seja mais uma na estatística da impunidade. “Como pode uma pessoa que só fazia o bem, que se preocupava com a gente, morrer de uma forma como essa? Queremos a prisão dos assassinos!”, bradou Patrícia Cristina da Paz, 18, aluna do 2º ano do ensino médio.
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Desenho e mensagem de saudade de aluno do Colégio Salesiano |
O pedido de Patrícia, ratificado por amigos e parentes no dia do sepultamento de Andrea, no domingo, no Campo Santo, foi atendido. A localização dos suspeitos do crime aconteceu em menos de 36 horas após a morte de Andrea, que, para a delegada Maria Tereza, do DHPP, que acompanhou a perícia do caso, só deve ter pensado em defender o filho antes de morrer