O auxiliar de serviços gerais Everton Felipe Santana, 23 anos, que confessou à polícia ter atirado o vaso sanitário do alto da arquibancada do estádio do Arruda, no Recife, na última sexta (2), resultando na morte do torcedor Paulo Ricardo Gomes da Silva, foi transferido na noite de segunda (5) para o Centro de Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, Grande Recife, onde ficará à disposição da Justiça. Depois de ser detido pela PM, na tarde de segunda, ele foi levado ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Imbiribeira, Zona Sul da capital, onde prestou esclarecimentos sobre o caso.
Na manhã desta terça (6), o advogado Adelson José da Silva, que defende Everton Felipe Santana, informou ao G1 que vai se reunir com a família do suspeito para traçar as estratégias de defesa. A PM chegou até Everton através de informações repassadas ao Disque-Denúncia Pernambuco. Durante o depoimento, Everton Felipe Santana disse estar arrependido e admitiu integrar uma torcida organizada, mas não informou qual. A polícia pernambucana procura outros suspeitos de envolvimento no crime.
“Vou ouvir os parentes dele no meu escritório e ver o que faremos a partir de agora. Vou tentar liberdade provisória ou relaxamento da prisão. Ele trabalha em uma escola, com carteira assinada, o que ajuda no pedido”, afirmou o advogado Adelson José da Silva.
Na segunda, o advogado acrescentou que Everton Felipe não soube explicar o motivo que o levou a lançar a privada do alto do estádio. “Ele disse que foi ao jogo com a intenção de assistir, mas deu vontade de fazer aquilo. Ele sabia do risco [de atingir alguém], mas não queria acertar ninguém. Ele já começou a colaborar com a polícia, confessando o crime. Está arrependido, com medo de retaliação, mas está disposto a pagar pelo que fez. Ele confessou o crime e demonstrou vergonha da família, vergonha dos amigos".
O torcedor Paulo Ricardo Gomes da Silva, 26 anos, morreu após ser atingido pelo vaso sanitário na saída do jogo entre Paraná e Santa Cruz, pela Série B do Brasileirão. Outros três torcedores ficaram feridos.
Entenda o caso
Imagens gravadas na área externa do Estádio do Arruda mostram o momento exato em que os dois vasos são lançados [veja o vídeo ao lado].
Nas imagens das câmeras de segurança, ainda é possível ver os torcedores do Paraná sendo escoltados por policiais montados em cavalos. Os objetos foram arremessados de uma altura de 24 metros, de acordo com o Instituto de Criminalística (IC). O professor de física Beraldo Neto avaliou a altura e calculou que os vasos chegaram ao chão com um peso de 350 kg.
Entre os feridos devido à queda dos vasos sanitários está um jovem de 21 anos que foi operado no Hospital Getúlio Vargas (HGV) e teve alta na manhã de segunda (5). A segunda vítima recebeu alta no sábado (3). Não há informações sobre o estado de saúde do terceiro ferido.
O corpo de Paulo Ricardo foi enterrado no domingo (4), após velório na capela do Cemitério de Santo Amaro. Muita emoção marcou toda a cerimônia, que reuniu centenas de pessoas. Durante o velório, os pais do rapaz passaram mal e precisaram ser retirados do local. Paulo era soldador e trabalhava no Estaleiro Atlântico Sul.
Após o acidente, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) decidiu suspender preventivamente a realização de jogos no Arruda. De acordo com nota publicada no site da entidade, o estádio ficará fechado até análise do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O presidente do Santa Cruz, Antônio Luiz Neto, afirmou que a segurança durante o jogo havia sido feita com toda prudência e que o clube também é uma vítima.
No sábado (3), a polícia ouviu um menor de idade que postou mensagens em uma rede social comemorando a morte do torcedor. Ele faria parte de uma torcida organizada do Santa Cruz. O menor prestou depoimento no DHPP e foi liberado em seguida.